28 de agosto de 2009

Inglorious Basterds

IngloriousBasterdsPoster2 Tarantino aparece e é sempre mais uma razão para ir aos cinemas e sim Inglorious Basterds hits the spot. A obra bélica de Tarantino prima pela diversidade, pelo grande sentido de humor negro e por uma maneira extremamente peculiar de contar um história da segunda grande guerra. Contada através de 5 capítulos a história narra um grupo de soldados judeus americanos que se infiltra nas linhas inimigas com o único objectivo de espalhar o terror entre os nazis, mas a verdade é que embora o mote principal seja este existe muito mas muito mais a ser dito sobre esta película

Tarantino brilha mais uma vez e não aborrece na realização, mostrando sempre um prato de dinâmica constante atrás das câmaras apimentado por diálogos suculentos e que embora sarcásticos para todo o historial da segunda guerra arrebatam-nos juntamente com as peculiaridades de cada personagem. Tarantino não tem medo de inovar, sobe a fasquia de realização para outro nível e não se interessa em termos da linha condutora. O filme apresenta uma enorme diversidade nos ângulos câmara. a acção não é constante mas os breaks resultam com tarantino porque sendo desde já um grande mestre em cenas de acção e depois na narrativa. o filme é conduzido através de linha extremamente simples. acção sanguinária, dialogo, acção sanguinária, dialogo acção sanguinária e por ai adiante. Tarantino não falha nestes dois conceitos e a obra bélica toma contornos de outra grande masterpiece.

Já conhecido por trazer para as grandes películas actores desconhecidos do grande público ou estrelas em declínio o sentido de casting apurado de Tarantino não se perdeu. o filme é recheado de boas representações e a singularidade de cada um dos Basterds é única embora duas ou três das personagens fiquem por explorar. Brad Pitt embora não tenha sido o mais destacado dentro do filme e o que mais me meteu confusão pois sinceramente não sabia se se iria sair tao bem num filme Tarantino. tem um desempenho espectacular. as particularidades nos diálogos e o tom de humor negro que dá á sua personagem é um must e consequentemente faz-nos rir do principio ao fim. Contudo a estrela do filme é mesmo Cristhopher Waltz com uma personagem de literalmente partir o coco a rir, um desempenho estrondoso para um homem que só fez programas de televisão na Alemanha e um sério candidato aos próximos oscars. Outras estrelas brilharam e encantaram, Diane Kruger, Melanie Laurent e uma breve aparição de Mike Mayers rematam a história sobriamente

O argumento é tambem ele Tarantino e sinceramente não quero ser spoiler por isso o próximo paragrafo será curto. o que posso dizer é que existem milhões de referencias do realizador neste filme, os diálogos mantem-nos atentos ao desenrolar da história só por si incomum e Tarantino consegue dar um novo fôlego a um género cada vez mais banalizado por clichés. Inglorious Basterds pode não ser a masterpiece de Tarantino mas a verdade é que está bem perto dela.

Vale o bilhete ( mesmo se o sacana do bilhete custasse o inglorioso preço de 20 euros )

You see, we're in the business of killin' Nazis, and boy, business is boomin'

7 de julho de 2009

The Hangover - A Ressaca


Ano: 2009

Realização: Todd Phillips

Argumento: Jon Lucas, Scott Moore

A comédia é um género complicado de se fazer, sobretudo no cinema. Prova disso mesmo é haver gente que não gosta de ver comédias, por desiludir a expectativa de o filme fazer alguém rir. Com efeito, o selo do género de comédia com que se publicita um filme estraga muitas vezes o espontâneo sentido de humor, que em muitos casos apenas acaba por surgir um pouco por piedade ao esforço empreendido pelos escritores, protagonistas ou realizadores.

Apesar disso, gosto de pensar que ainda existe boa comédia e sou capaz de dar muitas vezes o benefício da dúvida. Mas, verdade seja dita, há muita porcaria que se vende por aí com o nome de comédia. O que é algo triste, seja por estragar o legado de nomes anteriormente ligados ao humor de grande qualidade (duas palavras: Eddie Murphy) ou então por não mostrar absolutamente nenhuma gota de originalidade, talento ou humor (até hoje, não conheço ninguém que tenha visto os filmes “Epic Movie” ou “Uns Espartanos do Pior” e que tenha gostado).

A comédia pode, essencialmente, distinguir-se em dois tipos: a chamada comédia “non-sense”, presente em grande maioria dos sketches de várias troupes (Monty Python, Gato Fedorento, Big Train, etc) e a comédia mais realista, aquela que, sem recorrer à grandes quantidades de palermice, consegue ir buscar situações credíveis (mesmo que exageradas) ao quotidiano social. Séries de TV como “Seinfeld”, “O Escritório” ou “Coupling” são excelentes exemplos deste tipo de humor e a eles se junta o filme “A Ressaca”.

A premissa é bastante simples: um grupo de amigos, numa de lançar uma festa de despedida de solteiro a um deles que está prestes a dar o nó (na garganta), decide ir a Las Vegas e, após uma noite de copos e festa, acordam sem memória do que aconteceu na dita noite, deparando-se com o desaparecimento do amigo que em dias se irá casar. É então uma corrida contra o tempo em que os três ressacados procuram descobrir o que lhes aconteceu na noite perdida e, consequentemente, o noivo. Improvável? Não, nem por isso. Credível? Sim, bastante. Familiar? Quem sabe…

A maior-valia do filme é, sem sombra de dúvida, o argumento, o que é bastante surpreendente, considerando os trabalhos anteriores dos escritores. Não só está a trama geral muito bem construída e desenvolvida, sem quaisquer falhas (um grande feito, tendo em conta a grande quantidade de pormenores que possui), e com um tom imprevisível que caracteriza os eventos e personagens que vão surgindo a bom passo, como também os diálogos estão muito bem conseguidos, dando a cada personagem uma voz distinta e, como resultado, uma personalidade cativante. O realismo e espontaneidade das conversas entre as personagens estão muito bem conseguidos e tal evita que o humor se torne forçado. O filme não tenta ter piada, pura e simplesmente a tem e revela-a sem pressas. Tal é muito raro num argumento de comédia e, por isso mesmo, igualmente louvável.

Mas a verdade é que um argumento com piada, mesmo que seja muito bom, não é o suficiente para se conseguir uma comédia de qualidade. Para isso, é igualmente necessário um grupo de actores escolhido cuidadosa e correctamente. Ora, é exactamente esse o elenco que “A Ressaca” possui, um grupo genial de actores (ao qual não se faria nenhuma alteração), que não só dão vida às personagens e piada ao filme, mas também protagonizam na perfeição momentos de comédia física (feito nada fácil, acrescente-se), homenageando os tempos de Charlie Chaplin ou Buster Keaton, em que o humor pastelão era comum nas salas de cinema

A começar pelo trio principal (Ed Helms, Bradley Cooper e Zach Galifianakis), que mostram uma excelente química de humor entre eles e cujos entendimentos e discórdias fornecem o centro do filme. Já tinha saudades dos tempos em que Helms participava no “The Daily Show” e aqui o comediante regressa em grande forma à ribalta. E Galifianakis é um verdadeiro achado, pois consegue pegar talvez no mais caricato dos protagonistas e acrescentar uma dose extra de invulgaridade que capta a atenção de qualquer pessoa. Por sua vez Bradley Cooper, talvez o elemento menos marcante do trio, tem um papel essencial para a dinâmica do grupo e sem ele o filme estaria incompleto.

Igualmente, o elenco secundário recomenda-se vivamente. Não se cai no cliché dos personagens secundários que aparecem apenas por aparecer (a presença de Mike Tyson prova isso mesmo), assim como ninguém tenta ganhar destaques ao chamar a atenção (excepção será talvez o actor Ken Jeong, mas a personagem que ele interpreta tem um pouco esse propósito). Cada personagem tem o seu momento de brilhar e não se atropelam uns aos outros, nem mesmo nas cenas mais complexas.

Quanto à realização, esta é claramente o trunfo menor do filme, se bem que não totalmente desprovida de méritos. Todd Phillips adopta um estilo narrativo claro e conciso, tendo consciência de que a trama em geral é o mais importante e, assim, favorece muito o filme. O realizador aproveita algumas cenas para prestar homenagem a grandes clássicos do cinema contemporâneo (sendo “Rain Man – Encontro de Irmãos” o exemplo mais flagrante) assim como para ressuscitar clássicos da música dos anos 80 (a inclusão da canção “In the Air Tonight” de Phil Collins está fantástica). Por último, de destacar os créditos finais, bastante invulgares, mas que assentam perfeitamente no ambiente humorístico do filme, sendo o resultado uma conclusão mais que adequada.

De facto, o fime é uma das grandes surpresas do ano, se bem que o trailer já prometia (mas muitas vezes os trailers também enganam…). Temi o pior, que fosse uma cópia de carbono de filmes como “Meu, Onde Está o Carro?” em que a paródia ocupa o lugar principal, não deixando espaço para a história. Felizmente, tal não é o caso em “A Ressaca”, um filme de comédia com bastante piada e uma história com pés e cabeça, cujo maior feito é apresentar-nos um grupo de amigos que gostaríamos de rever em breve. Tendo isso em conta, a boa notícia é que uma sequela já foi anunciada. Pessoalmente, espero que a equipa a cargo dessa continuação faça justiça à qualidade deste filme.

4 de julho de 2009

Synecdoche, New York


Ano: 2008

Realização: Charlie Kaufman

Argumento: Charlie Kaufman

Nos dias de hoje, o cinema é movido pela escrita. Tal facto provou-se recentemente, quando o mundo do entretenimento se mostrou frágil perante uma mediática greve dos argumentistas. Com efeito, cada projecto cinematográfico tem na sua base uma série de argumentos escritos e rescritos. Porém, de entre a multidão de escritores que existe na criação cinemática, poucos são verdadeiros autores, aqueles que mostram uma voz própria e não se colam aos estereótipos populares, como adaptações de obras e biografias, remakes e sequelas de franchises já exploradas. Charlie Kaufman é um deles.

Desde o filme “O Despertar da Mente” (na minha opinião um exemplo da perfeição que um argumento de um filme pode alcançar) que estava ansioso por ver que novos trabalhos sairiam da mente do argumentista. Com efeito, de todos os filmes que contam com o nome de Kaufman nos créditos, posso dizer que nunca me desiludi com o resultado final. Este novo “Synecdoche, New York” não é excepção. Como em todo os seus trabalhos, Kaufman aborda aqui uma temática bastante criativa e interessante, uma nova perspectiva sobre a mentalidade humana e a sua relação recíproca com a arte.

A história centra-se no dramaturgo Caden Cotard que, após uma produção teatral de sucesso, procura levar o seu trabalho a uma dimensão mais épica e honesta, com o objectivo de capturar o íntimo do quotidiano e transpô-lo para o palco. Assim, decide reunir um elenco num armazém em Nova Iorque com o objectivo de recriar, à escala real, a cidade americana. Porém, à medida que o projecto se vai desenvolvendo, Caden vai-se apercebendo que, embora a sua intenção fosse criar algo único e original, o seu projecto não passa de uma réplica glorificada com a pretensão de criatividade.

O comentário aos ideais de criatividade e originalidade presentes na arte de hoje permeia todo o filme, sendo este, simultaneamente, um excelente manifesto artístico. Esta é uma história muito bem escrita que, possuindo uma densidade complexa, está recheada de pormenores fantásticos, desde o nome do protagonista referir um distúrbio psicológico que o caracteriza até à casa em chamas. É um argumento inteligente, que desafia até o espectador mais literato, pois não se perde nas palavras, mas através dela, alcança algo maior, uma ambiguidade interpretativa que fica connosco e nos obriga a pensar no filme, mesmo depois de este terminar.

Infelizmente, se o filme de facto não se perde no argumento, perde-se na realização. Kaufman, que aqui se estreia no cargo da realização, acaba então por ser em simultâneo o melhor (graças à sua escrita, única e diferente) e o pior (devido à falta de experiência por detrás da câmara) do filme. Não que o filme esteja mal realizado, a realização é competente q.b. ao narrar a história, mas Kaufman adopta um estilo parado que não cativa as audiências, tornando, por vezes, um filme que devia ser inspirador e vibrante, em algo moroso e chato. Ou seja, a exprimir as suas ideias em papel, ele é genial, mas passá-las para o grande ecrã (uma tarefa bastante árdua, diga-se de passagem…) ainda faltam bastantes degraus até chegar a uma genialidade equivalente à da sua escrita.

Igualmente, apesar de o filme conter um elenco muito talentoso, Kaufman não explora os actores da melhor maneira. O que vale é o facto de, quanto à interpretação, o filme basicamente assenta-se nos ombros de Phillip Seymour Hoffman, actor de grande calibre que aqui não desilude e pode juntar a sua participação neste filme a um curriculum já notável. Igualmente Smantha Morton e Catherine Keener encontram-se bem, se bem por vezes mostrem um pequeno desconforto com as suas personagens, revelando-se uma dinâmica interessante mas não muito cativante. Eis aqui um exemplo da falta de experiência na realização da parte de Kaufman que prejudica o filme. É de se ponderar como resultaria o filme se fosse realizado com uma inovação aliciante de Spike Jones ou com uma simplicidade mágica e sonhadora de Michel Gondry.

Esta divergência entre 'Kaufman, o escritor' e 'Kaufman, o realizador' acaba por estragar o filme (ironicamente, esta dicotomia lembra-me do filme “Inadaptado”, cujo argumento é também da sua autoria…). Apesar de tudo, “Synecdoche, New York” é bastante recomendável pela história, sendo este o filme mais bem escrito que vi este ano. Porém, a barreira morosa e pretensiosa que rodeia a realização do filme torna-o pouco acessível ao espectador casual.

18 de junho de 2009

Cashback

cashback Cashback é essencialmente um drama com mistos de comédia e romance. O filme de Sean Ellis, surpreende essencialmente pela narrativa, pela honestidade e pelo grande desempenho dos actores. O que mais impressionou em Cashback foram certas situações do quotidiano que, quer queiramos quer não aconteceram na vida de todas as pessoas.

Cashback surpreende em termos de realização, Sean Ellis, apresenta um misto de vários tipos de realização desde o “slow motion” até ao “frozen shot”, ambos muito bem enquadrados no filme, a realização dinâmica, também não foi deixada de fora, especialmente nas situações que mais exigiam, os flashbacks são constantes mas não perturbam a linha condutora do filme e melhor que tudo permitem aos espectadores saberem um pouco mais da história das personagens, principalmente a de Sean Biggerstaff, personagem essa que a meu ver tem muito a ver com Sean Ellis. Provavelmente talvez seja isso que Cashback é, um filme para o “umbigo” de Sean Ellis. Um pouco como “The Weather Man” de Steve Conrad, Cashback é essencialmente filme de autor, embora a realização não seja de originalidades tão fascinantes como outros autores. Outro brilhantismo do filme é a banda sonora, The Peaches, The Concretes e The Evil Nine marcam a passos largos as situações que dominam o filme, toda a banda sonora fantasticamente está bem enquadrada,

Sendo um filme britânico, o filme conta com actores britânicos, a personagem de Ben Willis interpretada brilhantemente por Sean Biggerstaff é sem duvida um dos musts do filme, embora não seja o mais cotado dos actores, possivelmente será a interpretação da sua vida. Emilia Fox pelo contrário já é das mais destacadas no circulo britânico de actores contado já com outras presenças em filmes internacionais, tem uma interpretação solida, evolvente, e uma personagem com uma personalidade capaz de dar cabo de toda a frieza masculina. Os actores secundários são essencialmente desconhecidos, mas o desempenho do colectivo é superior á média.

Quanto ao argumento, este também a cabo de Sean Ellis é como disse e pelo que me parece, um conjunto de peripécias vividas pelo realizador e escritor na sua adolescência, peripécias essas que estranhamente assumem em Cashback uma formula mais filosófica, algo que a meu ver é espectacular pois todos nós vivemos a nossa adolescência da maneira que queríamos e só agora com idade mais tenra conseguimos retirar todas as ideologias e filosofias a elas inerentes. é ponto a favor para o realizador e argumentista. Contudo o ponto mais fraco do filme reside também no argumento, embora os diálogos sejam convincentes e cada um deles dotados de uma mística especial, existem diálogos pouco convincentes, que roçam a filosofia barata. Algo que poderia ter sido atirado directamente para as cenas cortadas do DVD, mas que constam na película principal.

Vale o bilhete (é um filme extremamente interessante)

Sean Biggerstaff: “Being Swedish, the walk from the bathroom to her room didn't need to be a modest one.”

17 de junho de 2009

Terminator: Salvation - Exterminador Implacável: A Salvação


Ano: 2009

Realização: McG

Argumento: John D. Brancato, Michael Ferris


Como o Diogo referiu, há uns tempos, na crítica ao terceiro filme da saga do Terminator (“Ascensão das Máquinas”, de 2003), apesar de este ter sido um filme de acção aceitável, com uma realização bastante capaz, o argumento deixou muito a desejar, sobretudo por não avançar com a história, colando-se muito ao ambiente dos dois primeiros filmes, calcanhar de Aquiles igualmente evidente na série de TV (“Sarah Connor Chronicles”, entretanto cancelada…). O que os fãs da saga queriam ver era o que o próprio Cameron uma vez pensou em fazer se eventualmente tivesse realizado um terceiro filme: a guerra entre as máquinas e a humanidade, num futuro pós-apocalíptico.

Porém, como já se apontava no final do último filme (ponto redentor mas também frustrante), se bem que Cameron não estava disposto a avançar com a história, havia quem estava. Com efeito, em “Exterminador Implacável: A Salvação” podemos ver finalmente os eventos profetizados nos filmes anteriores. Os argumentistas decidiram dar início a uma nova história, igualmente sequela e prequela dos filmes anteriores, que contaria como John Connor e Kyle Reese se conheceram e se tornaram companheiros de armas até ao ponto em que Connor decide enviar Reese ao passado.

O filme passa-se em 2018, num cenário onde a guerra entre a humanidade e o sistema computorizado Skynet começa a entrar em ponto de ebulição, com John Connor (Christian Bale) a começar a distinguir-se como lenda de guerra enquanto, por seu lado, as máquinas começam a desenvolver o modelo T-800. No meio deste conflito surge Marcus Wright (Sam Worthington), que desperta subitamente, sem memória do que aconteceu nos últimos anos. Rapidamente Marcus encontra o jovem Kyle Reese (Anton Yelchin) que se mostra ainda um pouco verde em comparação com a sua aparição no primeiro filme da série.

Para seguir os passos de James Cameron e Jonathan Mostow e apresentar este novo mundo, foi chamado o realizador McG (alcunha de Joseph Mcginty Nichol) e, admitindo que estava um pouco de pé atrás quanto a esta escolha, tendo em conta os seus filmes anteriores (as fitas de acção “Os Anjos de Charlie” e o drama “Universidade Marshall”), o realizador surpreendeu-me pela positiva, ao alterar drasticamente o seu estilo. De facto, McG deixou o cinético e exagerado “pop” que contaminou “Os Anjos de Charlie”, optando por uma imagem mais crua e dinâmica, reminiscente de filmes como “Black Hawk Down–Cercados”, com influência de filmes como “Mad Max” de George Miller e “Nova York 1997” de John Carpenter. O resultado é um visual bombástico e cativante, distinto dos filmes anteriores, mas fiel ao descrito por James Cameron.

O argumento usa a personagem de Marcus Wright como ponto de vista introdutório a este novo mundo pós-apocalíptico e a escolha de Sam Worthington para interpretar este novo protagonista contribui muito para o filme. O actor faz um óptimo papel neste filme, o que me deixa ansioso para ver como resultará a sua colaboração com James Cameron no filme “Avatar” (de facto, foi Cameron que aconselhou Worthington a McG para entrar no filme, o que prova que o realizador continua óptimo a descobrir novos actores). Infelizmente, há um detalhe sobre Marcus que é revelado logo nos trailers, o que é uma pena pois era um aspecto que, trabalhado como surpresa, funcionaria muito melhor no filme.

Embora inicialmente o filme era para dar destaque a Kyle Reese e como este conhece John Connor, com a entrada de Christian Bale para o elenco, foram chamados os argumentistas de renome Paul Haggis (“Crash-Colisão”) e Jonathan Nolan (“Memento” e “Cavaleiro das Trevas”) para retocar o argumento e dar mais tempo de antena à personagem de Connor. A partir disto, resultam elementos da personagem bastante interessantes, como a sua discordância com o seu superior militar (brilhantemente e brevemente interpretado por Michael Ironside) e o facto de nem todos os humanos acreditarem nas profecias de Connor. Esperemos que tais pontos sejam abordados e desenvolvidos numa eventual continuação.

Bale faz uma interpretação aceitável como Connor, se bem que um pouco semelhante à sua interpretação como Batman nos filmes de Christopher Nolan. Igualmente, ao lado dos restantes protagonistas, Connor não se mostra tão cativante, ao contrário de Kyle Reese, o personagem que mais gostei no filme. Anton Yelchin, após ter contribuído para o sucesso de “Star Trek”, aparece aqui em destaque, a prestar homenagem ao trabalho de Michael Biehn no primeiro filme da saga.

A trama do filme é, na sua maioria, louvável, pois, embora quebre o tabu dos filmes anteriores, respeita a mitologia da série, sem sacrificar a acessibilidade do filme. Porém, não está desprovido de falhas por haver momentos em que o filme se torna demasiado confuso, enquanto a simplicidade reinava nos filmes de Cameron (sobretudo no primeiro). Peca também ao apresentar um grande conjunto de personagens supostamente importantes que, no final, por questões de relegar tempo aos protagonistas, têm apenas direito a um punhado de falas no filme.

O filme parece perder um pouco de ritmo, pois enquanto a primeira hora é um perfeito balanço de diálogos e acção, para o final, há momentos em que mostra cansaço. Igualmente, as homenagens aos filmes anteriores estragam certas cenas (a mais flagrante é o uso da expressão popular da série “I’ll be back!”, que se mostra descabida e desnecessária), embora haja outras que não quebram o andamento do filme e integram-se bem na história (a cena em que Marcus ensina a Reese como pegar na espingarda, assim como a origem das cicatrizes de Connor).

Quanto aos efeitos especiais, aspecto crucial em qualquer filme da saga, afirmo com satisfação que não desiludem. De facto, o departamento de efeitos do filme prosseguiu com a tradição, que Cameron implementou nos primeiros filmes, de mostrar algo inovador: o breve aparecimento de Schwarzenegger no filme, por meio de uma máscara digital imposta sobre o corpo do actor Roland Kickinger (que já chegou a interpretar o próprio Schwarzenegger no filme biográfico “See Arnold Run”). Ainda neste campo, o filme é igualmente uma homenagem ao trabalho de Stan Winston (génio de efeitos especiais, responsável pelo visual do Exterminador, assim como de várias outras personagens como Eduardo Mãos de Tesoura e o Predador), que faleceu enquanto trabalhava no filme.

Resumindo e concluindo, “Exterminador Implacável: A Salvação” é um bom filme e uma óptima continuação. Não é uma obra-prima como os filmes originais de James Cameron, mas é um virar de página necessário que não desagradará aos fãs da saga.

Knowing

knowing-poster Knowing é o mais recente filme do realizador Alex Proyas, um misto de filme catástrofe com ficção cientifica. Knowing conta a história de John Koestler e o seu filho Caleb que após a perda da mãe e uma vida em depressão, por coincidência recebem uma carta com uma série de números, primeiramente invulgar descobrem que todos o números correspondem a datas de grandes acidentes ou catástrofes naturais e também das pessoas que perderam a vida nos mesmos.

Alex Proyas, realiza um filme que só por si é invulgar, o misto de géneros envolvidos não ajudam á realização tornando o filme nos últimos 45 minutos aborrecidos, embora haja sem duvida uma boa prestação pelo realizador em shots extremamente dinâmicos, a confusão instalada de acidentes que acontecem oferecem uma visão muito perto da possível realidade (digo possível realidade porque nunca presenciei um). Os efeitos especiais não são uma constante do filme, mas destacam-se pela perfeição, quase o unico ponto a favor do filme

Nicolas Cage está outra vez e como seria de esperar com uma interpretação muito acima da média, coerente, bem dirigido e com o trabalho de casa feito, consegue dar novamente a uma personagem superficial uma profundidade latente, e por isso está de parabéns. outras estrelas se destacaram no filme, principalmente os mais novos, Chandler Canterbury e Lara Robinson, actores de palmo e meio que embora não tenham tido uma personagem que os fizesses suar, safaram-se bem e estão por isso de parabéns.

O argumento a cargo de Ryne Pearson, relutantemente é mau, o misto dos géneros achincalha cada um deles em separado. Os diálogos são razoáveis, mas as situações envolventes são cliches (enormes). A relação pai filho, apresenta uma mística semelhante a todos os outros filmes drama que já foram produzidos e as punch lines são mais que muitas e aborrecem quem já viu mais do mesmo. O filme apresenta também uma mensagem latente embora mal explorada e embora o final do filme mostre um questão que poderá sem dúvida dar que pensar, o tema acaba por sair rebuscado e assumir contornos de fantasia.

Não vale o bilhete (com muita pena minha)

15 de junho de 2009

Stir Of Echoes

stir_of_echoes_ver2 Vi recentemente “Stir Of Echoes”, um thriller/suspense/terror do realizador David Koepp que conta com Kevin Bacon no principal papel, (custou-me 1,50€ na BOX) e sinceramente acho que valia a pena nem que fosse para apanhar pó nas prateleiras lá de casa.

Primeiro as coisas boas, Stir Of Echoes surpreendeu em termos de realização, embora a surpresa não fosse continua, fiquei extremamente contente como certas cenas foram filmadas, principalmente a cena de hipnose que a meu ver foi das mais bem e melhores filmadas que vi até agora, uma mistura de filmes de stephen king e episódios da 5th Dimension, extremamente interessante e com uma fotografia esbaçada que tenta revelar o que vai pelas mentes das pessoas aquando a hipnose. Sem duvida um ponto a favor do realizador. Posteriormente no filme a realização torna-se básica sem que no entanto perca certos toques de originalidade do realizador. David Koepp esteve sinceramente bem.

Os actores são bem conhecidos, Kevin Bacon no papel de Tom Witzky, tem um desempenho muito acima daquilo que está habituado. desempenha bem um homem dos subúrbios com uma vida normal e monótona que de repente se vê envolvido numa sessão de hipnose que lhe “desbloqueia” uma parte no cérebro que lhe permite ver o passado e o futuro.

A verdade é que provavelmente foi Stir Of Echoes que lançou a série “Whisperer”, o conceito é igual e o objectivo é o mesmo, mas o filme deve ser mesmo o the real deal do conceito. Embora seja uma história básica com muitos plot twists envolvidos, a narrativa deixa a desejar, estranhamente ou vemos diálogos extremamente envolventes como diálogos medíocres acompanhados de falhas de interpretação dos actores. Algo que me custou muito a entender.

Vale meio-bilhete (a sessão de hipnose é um ponto a favor e ainda deu para desligar um bocado da vida quotidiana)