17 de junho de 2009

Terminator: Salvation - Exterminador Implacável: A Salvação


Ano: 2009

Realização: McG

Argumento: John D. Brancato, Michael Ferris


Como o Diogo referiu, há uns tempos, na crítica ao terceiro filme da saga do Terminator (“Ascensão das Máquinas”, de 2003), apesar de este ter sido um filme de acção aceitável, com uma realização bastante capaz, o argumento deixou muito a desejar, sobretudo por não avançar com a história, colando-se muito ao ambiente dos dois primeiros filmes, calcanhar de Aquiles igualmente evidente na série de TV (“Sarah Connor Chronicles”, entretanto cancelada…). O que os fãs da saga queriam ver era o que o próprio Cameron uma vez pensou em fazer se eventualmente tivesse realizado um terceiro filme: a guerra entre as máquinas e a humanidade, num futuro pós-apocalíptico.

Porém, como já se apontava no final do último filme (ponto redentor mas também frustrante), se bem que Cameron não estava disposto a avançar com a história, havia quem estava. Com efeito, em “Exterminador Implacável: A Salvação” podemos ver finalmente os eventos profetizados nos filmes anteriores. Os argumentistas decidiram dar início a uma nova história, igualmente sequela e prequela dos filmes anteriores, que contaria como John Connor e Kyle Reese se conheceram e se tornaram companheiros de armas até ao ponto em que Connor decide enviar Reese ao passado.

O filme passa-se em 2018, num cenário onde a guerra entre a humanidade e o sistema computorizado Skynet começa a entrar em ponto de ebulição, com John Connor (Christian Bale) a começar a distinguir-se como lenda de guerra enquanto, por seu lado, as máquinas começam a desenvolver o modelo T-800. No meio deste conflito surge Marcus Wright (Sam Worthington), que desperta subitamente, sem memória do que aconteceu nos últimos anos. Rapidamente Marcus encontra o jovem Kyle Reese (Anton Yelchin) que se mostra ainda um pouco verde em comparação com a sua aparição no primeiro filme da série.

Para seguir os passos de James Cameron e Jonathan Mostow e apresentar este novo mundo, foi chamado o realizador McG (alcunha de Joseph Mcginty Nichol) e, admitindo que estava um pouco de pé atrás quanto a esta escolha, tendo em conta os seus filmes anteriores (as fitas de acção “Os Anjos de Charlie” e o drama “Universidade Marshall”), o realizador surpreendeu-me pela positiva, ao alterar drasticamente o seu estilo. De facto, McG deixou o cinético e exagerado “pop” que contaminou “Os Anjos de Charlie”, optando por uma imagem mais crua e dinâmica, reminiscente de filmes como “Black Hawk Down–Cercados”, com influência de filmes como “Mad Max” de George Miller e “Nova York 1997” de John Carpenter. O resultado é um visual bombástico e cativante, distinto dos filmes anteriores, mas fiel ao descrito por James Cameron.

O argumento usa a personagem de Marcus Wright como ponto de vista introdutório a este novo mundo pós-apocalíptico e a escolha de Sam Worthington para interpretar este novo protagonista contribui muito para o filme. O actor faz um óptimo papel neste filme, o que me deixa ansioso para ver como resultará a sua colaboração com James Cameron no filme “Avatar” (de facto, foi Cameron que aconselhou Worthington a McG para entrar no filme, o que prova que o realizador continua óptimo a descobrir novos actores). Infelizmente, há um detalhe sobre Marcus que é revelado logo nos trailers, o que é uma pena pois era um aspecto que, trabalhado como surpresa, funcionaria muito melhor no filme.

Embora inicialmente o filme era para dar destaque a Kyle Reese e como este conhece John Connor, com a entrada de Christian Bale para o elenco, foram chamados os argumentistas de renome Paul Haggis (“Crash-Colisão”) e Jonathan Nolan (“Memento” e “Cavaleiro das Trevas”) para retocar o argumento e dar mais tempo de antena à personagem de Connor. A partir disto, resultam elementos da personagem bastante interessantes, como a sua discordância com o seu superior militar (brilhantemente e brevemente interpretado por Michael Ironside) e o facto de nem todos os humanos acreditarem nas profecias de Connor. Esperemos que tais pontos sejam abordados e desenvolvidos numa eventual continuação.

Bale faz uma interpretação aceitável como Connor, se bem que um pouco semelhante à sua interpretação como Batman nos filmes de Christopher Nolan. Igualmente, ao lado dos restantes protagonistas, Connor não se mostra tão cativante, ao contrário de Kyle Reese, o personagem que mais gostei no filme. Anton Yelchin, após ter contribuído para o sucesso de “Star Trek”, aparece aqui em destaque, a prestar homenagem ao trabalho de Michael Biehn no primeiro filme da saga.

A trama do filme é, na sua maioria, louvável, pois, embora quebre o tabu dos filmes anteriores, respeita a mitologia da série, sem sacrificar a acessibilidade do filme. Porém, não está desprovido de falhas por haver momentos em que o filme se torna demasiado confuso, enquanto a simplicidade reinava nos filmes de Cameron (sobretudo no primeiro). Peca também ao apresentar um grande conjunto de personagens supostamente importantes que, no final, por questões de relegar tempo aos protagonistas, têm apenas direito a um punhado de falas no filme.

O filme parece perder um pouco de ritmo, pois enquanto a primeira hora é um perfeito balanço de diálogos e acção, para o final, há momentos em que mostra cansaço. Igualmente, as homenagens aos filmes anteriores estragam certas cenas (a mais flagrante é o uso da expressão popular da série “I’ll be back!”, que se mostra descabida e desnecessária), embora haja outras que não quebram o andamento do filme e integram-se bem na história (a cena em que Marcus ensina a Reese como pegar na espingarda, assim como a origem das cicatrizes de Connor).

Quanto aos efeitos especiais, aspecto crucial em qualquer filme da saga, afirmo com satisfação que não desiludem. De facto, o departamento de efeitos do filme prosseguiu com a tradição, que Cameron implementou nos primeiros filmes, de mostrar algo inovador: o breve aparecimento de Schwarzenegger no filme, por meio de uma máscara digital imposta sobre o corpo do actor Roland Kickinger (que já chegou a interpretar o próprio Schwarzenegger no filme biográfico “See Arnold Run”). Ainda neste campo, o filme é igualmente uma homenagem ao trabalho de Stan Winston (génio de efeitos especiais, responsável pelo visual do Exterminador, assim como de várias outras personagens como Eduardo Mãos de Tesoura e o Predador), que faleceu enquanto trabalhava no filme.

Resumindo e concluindo, “Exterminador Implacável: A Salvação” é um bom filme e uma óptima continuação. Não é uma obra-prima como os filmes originais de James Cameron, mas é um virar de página necessário que não desagradará aos fãs da saga.

2 comentários:

Diogo Garcia disse...

Tá a ser uma falha minha de certeza que já não o vou apanhar no cinema. Terei de o apanhar em DVD.
Obrigado pela critica.

Diogo Garcia disse...

já fiquei com uma ideia. Gracias

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