28 de janeiro de 2009

Die Welle [A Onda]


Ano: 2008
Realização: Dennis Gansel
Prémios:
- Outstanding Feature Film - German film Awards (2008)


O cinema alemão a ensinar-nos a não dizer: “desta água não beberei”.

O filme conta a história de um professor de liceu, que para dar uma aula sobre autocracia tem uma ideia “original”.
Este é daqueles filmes genuinamente bons, que não sendo um marco do cinema, mantêm a sua qualidade e pertinência tanto hoje como daqui a 20 anos (acho eu). Sendo que a mim, o que mais me agradou foi a boa prestação do elenco jovem, o magnifico desempenho de Jürgen Vogel (no papel de professor), o ritmo da história, a gradação quase (deliciosamente) imperceptível dos acontecimentos e o total afastamento do “teen movie” (no qual o filme poderia facilmente ter caído)
Temos assim um filme sobre uma aula, que acaba ele próprio por ser uma lição (sem que nunca tenha a pretensão de o ser)


Enjoy (certamente)


David o golias

Hell Ride


Ano: 2008
Realização: Larry Bishop

Este filme tresanda a Tarantino.


Desde a estética, a banda sonora, ao tipo de personagens, a forma como a história é contada e aos diálogos (claramente o calcanhar de Aquiles no que ao pretenso Tarantinismo diz respeito) tudo se cola a obra do realizador (que aqui assume o papel de produtor).
O filme conta-nos a historia de dois grupos motoqueiros e do “bad blood” que há entre eles, contado para isso com um bom elenco que dá vida a algumas boas personagens (de realçar pela positiva a inesperada participação de Dennis Hopper , e pela negativa o desempenho de Vinnie Jones, que mostra não estar a altura de representar neste género de cinema) e uma historia que não precisa de mais para ser satisfatória.
É assim um filme porreiro, que cumpre o objectivo de entreter.




Enjoy (se gostas do genero)



David o golias

My Blueberry Nights [O Sabor do Amor]


Ano: 2007
Realização: Kar Wai Wong




O realizador chinês pega na cantora Norah Jones para nos mostrar como é que uma mulher reaprende a gostar de si depois de uma desilusão de amor.


Este é um bom filme que, embora corra junto, chegando mesmo por vezes a calcar, da linha do “romance de domingo a tarde” (como na lamentável cena em que se discute a “solidão” da tarte de mirtilos) não cai nos cliches dos género e surpreende-nos com a sua capacidade de se reinventar quando pensamos já conseguir anteceder o final.
De realçar a belíssima banda sonora, que tem uma papel quase palpável no filme; a forma como o realizador usa e abusa dos efeitos de luz e das cores brilhantes; a magnifica interpretação de Rachel Weisz que rouba todas as cenas em que entra (sendo claramente e de longe o melhor desempenho do filme) e a belo cena do beijo, que tanto deu que falar. Pela negativa, Jude Law que quando leu o guião deve ter pensado que este filme era mesmo um “romance de domingo a tarde”; e Norah Jones que por muito que se esforce é cantora, não é actriz (e isso nota-se).




Enjoy (mais que não seja porque de certeza que já perdeste tempo a ver filmes piores)



David o golias

Mister Lonely


Ano: 2007
Realização: Harmony Korine

Este filme é um Freak Show dos antigos, que serve em ultimo caso para o espectador delimitar a sua noção de cinema e se o filme se insere nela ou não (eu ainda não sei).


Surreal do princípio ao fim, faz-nos viajar entre a perplexidade do “o que é que é isto” e o sorriso em algumas cenas que mais que cómicas são engraçadamente provocadoras.
Decididamente não via algo assim de tão estranho desde um espectáculo de “lesbian art” que vi na abertura de um festival de teatro em Estocolmo



Enjoy (depende em muito da “quantidade” e da “qualidade”)



David o golias

Eastern Promises [Promessas Perigosas]


Ano: 2007
Realização: David Cronenberg
Prémios:
- Best Actor[Viggo Mortensen] - British Independent Film Award (2007)
- People's Choice Award - Toronto International Film Festival (2007)




Visão crua e violenta do mundo da máfia russa sediada em Londres (e se são fdidos aqueles russos…).


É um filme consistente, com uma boa narrativa, um bom andamento, e ainda que não seja algo de nunca visto é um filme que vale o tempo que demora.
No bom esta o fantástico desempenho (e o empenho) de Viggo Mortensen e a brutal cena de pancadaria na sauna(claramente a melhor cena de pancada dos últimos tempos do cinema), enquanto que no menos bom estão Naomi Watts e Vincent Cassel (pelas suas personagens cliche que no entanto não estragam… apenas não abrilhantam como talvez fosse suposto)




Enjoy (quando der na sic ou na rtp)



David o golias

Changeling


"Changeling"
Realizador: Clint Eastwood
Argumentista: J. Michael Straczynski

É difícil de definir “Changeling”. Clint Eastwood volta ao drama abordando as relações familiares, a corrupção de estruturas sociais e o crime violento. O filme em si, não cativa no inicio, dando a sensação que estamos perante um filme entre tantos outros e que Clint como realizador não se nota naquele momento a não ser na própria condução dos actores. O filme só acaba por captar a atenção mais tarde. As personagens são bem conduzidas e evoluem de acordo com a história mas falta essência. Angelina Jolie porta-se bem, mas falha momentos dramáticos fulcrais. John Malkovich está sempre bem e embora Gustav Briegleb não seja uma personagem difícil verifica-se o toque pessoal do actor. Lester Ybarra, policia corrupto e desonesto é para mim uma das personagens mais difíceis de interpretar, mas Michael Kelly esteve bem, aliás muito bem, conheço pouco o actor, mas penso e toda a gente sabe como Hollywood funciona, uma vez alcançado o sucesso será difícil não o vermos em películas mais adiante. Mas nem tudo são rosas em “The Changeling” A tristeza de todo o filme é sem duvida o actor Devon Conti, a típica personagem de assassino com problemas mentais foi pouco explorada, mesmo acreditando que interpreta-la não tenha sido “cana doce”, para um filme de orçamento relativamente mediano (para Hollywood) o objectivo essencial seria a credibilidade das personagens e se existe alguma personagem que não a tenha em “The Changeling” é sem duvida Devon Conti. O argumento de J. Michael Straczynski, está bom, acima da média, em certa medida original e digno de ser realizado por um grande realizador. Porque é que digo “em certa medida original”. Uma boa parte de Hollywood pensa que o rapto é sempre o mote para um bom filme e por isso os espectadores todos os anos são inundados com filmes sobre raptos. A originalidade deste filme provem da impotência da mãe face ao desaparecimento do filho, procura a polícia e faz tudo o que está ao seu alcance dentro da sociedade onde vive. Não é uma heroína, é uma mãe. Se fosse outro “Blockbuster” provavelmente veríamos Angelina Jolie a procura do bandido em grandes perseguições de carro e a desferir potentíssimos golpes de artes marciais nos narizes dos mauzões. Ainda bem que não é assim :) O drama fica-lhe bem. O final não quero falar, as últimas falas foram uma desilusão. Vale o bilhete

23 de janeiro de 2009

Nomeações para os Óscares - 2009



Performance by an actor in a leading role
- Melhor Actor Principal

Richard Jenkins in “The Visitor”
Frank Langella in “Frost/Nixon”
Sean Penn in “Milk”
Brad Pitt in “The Curious Case of Benjamin Button
Mickey Rourke in “The Wrestler

Performance by an actor in a supporting role
- Melhor actor secundário

Josh Brolin in “Milk”
Robert Downey Jr. in “Tropic Thunder”
Philip Seymour Hoffman in “Doubt”
Heath Ledger in “The Dark Knight”
Michael Shannon in “Revolutionary Road”

Performance by an actress in a leading role
- Melhor Actriz Principal

Anne Hathaway in “Rachel Getting Married”
Angelina Jolie in “Changeling
Melissa Leo in “Frozen River”
Meryl Streep in “Doubt”
Kate Winslet in “The Reader”

Performance by an actress in a supporting role
- Melhor actriz secundária

Amy Adams in “Doubt”
Penélope Cruz in “Vicky Cristina Barcelona”
Viola Davis in “Doubt”
Taraji P. Henson in “The Curious Case of Benjamin Button
Marisa Tomei in “The Wrestler

Best animated feature film of the year
- Melhor filme de animação

“Bolt” (Walt Disney), Chris Williams and Byron Howard
“Kung Fu Panda” (DreamWorks Animation, Distributed by Paramount), John Stevenson and Mark Osborne
“WALL-E” (Walt Disney), Andrew Stanton

Achievement in directing
- Melhor Realização

The Curious Case of Benjamin Button", David Fincher
“Frost/Nixon”, Ron Howard
“Milk”, Gus Van Sant
“The Reader”, Stephen Daldry
Slumdog Millionaire”, Danny Boyle

Best documentary feature
- Melhor Documentário

“The Betrayal (Nerakhoon)", A Pandinlao Films Production, Ellen Kuras and Thavisouk Phrasavath
“Encounters at the End of the World", A Creative Differences Production, Werner Herzog and Henry Kaiser
“The Garden” A Black Valley Films Production, Scott Hamilton Kennedy
“Man on Wire”, A Wall to Wall Production, James Marsh and Simon Chinn
“Trouble the Water”, An Elsewhere Films Production, Tia Lessin and Carl Deal


Best foreign language film of the year

- Melhor filme estrangeiro

“The Baader Meinhof Complex”, A Constantin Film Production, Germany
“The Class”, A Haut et Court Production, France
“Departures”, A Departures Film Partners Production, Japan
“Revanche”, A Prisma Film/Fernseh Production, Austria
“Waltz with Bashir”, A Bridgit Folman Film Gang Production, Israel

Achievement in music written for motion pictures (Original score)
- Melhor Banda Sonora Original

The Curious Case of Benjamin Button”, Alexandre Desplat
Defiance”, James Newton Howard
“Milk”, Danny Elfman
Slumdog Millionaire”, A.R. Rahman
“WALL-E”, Thomas Newman

Achievement in music written for motion pictures (Original song)
- Melhor música Original

“Down to Earth” from “WALL-E”, Music by Peter Gabriel and Thomas Newman, Lyric by Peter Gabriel
“Jai Ho” from “Slumdog Millionaire”, Music by A.R. Rahman, Lyric by Gulzar
“O Saya” from “Slumdog Millionaire”, Music and Lyric by A.R. Rahman and Maya Arulpragasam

Best motion picture of the year
- Melhor Filme

The Curious Case of Benjamin Button”, A Kennedy/Marshall Production, Kathleen Kennedy, Frank Marshall and Ceán Chaffin, Producers
“Frost/Nixon”, A Universal Pictures, Imagine Entertainment and Working Title Production, Brian Grazer, Ron Howard and Eric Fellner, Producers
“Milk”, A Groundswell and Jinks/Cohen Company Production, Dan Jinks and Bruce Cohen, Producers
“The Reader”, A Mirage Enterprises and Neunte Babelsberg Film GmbH Production, Nominees to be determined
Slumdog Millionaire”, A Celador Films Production, Christian Colson, Producer

Best animated short film
- Melhor curta de animação

“La Maison en Petits Cubes” A Robot Communications Production, Kunio Kato
“Lavatory - Lovestory” A Melnitsa Animation Studio and CTB Film Company Production, Konstantin Bronzit
“Oktapodi”, A Gobelins, L’école de l’image Production, Emud Mokhberi and Thierry Marchand
“Presto”, A Pixar Animation Studios Production, Doug Sweetland
“This Way Up” A Nexus Production, Alan Smith and Adam Foulkes

Best live action short film
- Melhor curta

“Auf der Strecke (On the Line)”, An Academy of Media Arts Cologne Production, Reto Caffi
“Manon on the Asphalt”, A La Luna Production, Elizabeth Marre and Olivier Pont
“New Boy”, A Zanzibar Films Production, Steph Green and Tamara Anghie
“The Pig” An M & M Production, Tivi Magnusson and Dorte Høgh
“Spielzeugland (Toyland)” A Mephisto Film Production, Jochen Alexander Freydank

Adapted screenplay
- Melhor Argumento Adaptado

The Curious Case of Benjamin Button”, Screenplay by Eric Roth, Screen story by Eric Roth and Robin Swicord
“Doubt”, Written by John Patrick Shanley
“Frost/Nixon”, Screenplay by Peter Morgan
“The Reader”, Screenplay by David Hare
Slumdog Millionaire”, Screenplay by Simon Beaufoy

Original screenplay
- Melhor Argumento Original

“Frozen River”, Written by Courtney Hunt
“Happy-Go-Lucky”, Written by Mike Leigh
In Bruges”, Written by Martin McDonagh
“Milk”, Written by Dustin Lance Black
“WALL-E”, Screenplay by Andrew Stanton, Jim Reardon, Original story by Andrew Stanton, Pete Docter

Transsiberian

De Brad Anderson (2008)

Este filme tem bons actores e um bom cenário. A realização também é merecedora de elogios: Anderson conseguiu-nos transpor para o ecrã a claustrofobia do comboio em momentos de aflição, o espaço acolhedor do vagão restaurante, e o vazio perdido da Sibéria. Há um grande momento de som/imagem numa das cenas finais.

Tenho imensa pena que o argumento não seja muito original e que os diálogos sejam até medíocres, porque só os outros ingredientes já me fizeram agarrar ao filme. No entanto, aquelas deficiências são letais e fazem com que não haja motivo para pensar nele depois...

Não traz nada de novo. Um puro momento de entretenimento, do tipo de filmes que rapidamente desaparecem na memória.





Jessie: Kill off all my demons, Roy, and my angels might die, too.


Carla V.

21 de janeiro de 2009

In the Name of Our Father (1993)

Realizador: Jim Sheridan

Argumento: Terry George e Jim Sheridan baseado na autobiografia de Gerry Conlon

"I'm a free man, and I'm going out the front door. "

Descobri este "clássico" recentemente graças ao canal Hollywood, no genérico inicial descobri a razão pela qual tinha a memória do nome: Daniel Day-Lewis.

A história baseia-se na autobiografia de Gerry Colon (interpretado por Day-Lewis), o suposto líder de um grupo de terroristas do IRA que realizou um ataque a um pub em Guilford e por o qual foi erroneamente preso, tal como a sua família e amigos.

As interpretações de Day-Lewis e Pete Postlethwaite, como o pai de Colon, são os pontos fortes deste drama. O primeiro arco do filme, antes de serem presos como suspeitos, é fraco, mas quando se chega a parte do interrogatório a "qualidade" sobe drasticamente...

Um bom filme com duas grandes interpretações, vale a pena ver!

P.S. - Descobri após ver o filme, que o argumento é baseado muito vagamente na realidade, o ponto forte da acusação no processo era que Colon tinha sido membro da Na Fianna Eireann (IRA para adoloscentes) e Paul Hill, outro dos acusados, foi membro da IRA, ora no filme nada disto é referenciado o que "exagera" a injustiça da acusação.

Slumdog Millionaire (2008)

Realizador: Danny Boyle, Loveleen Tandan (co-director Índia)

Argumento: Simon Beaufoy baseado no romance de Vikas Swarup

"Jamal Malik is one question away from winning 20 millions rupees. How did he it? a) He cheated. b) He´s lucky. c) He´s a genius. d) It is destiny."

Danny Boyle assinou um dos filmes que mais marcou a minha adolescência, o magnífico Trainspotting. Após esta obra, Boyle realizou filmes bastante menos interessantes (com a possível excepção da original visita aos filmes de terror de zombies com 28 Days Later). Quando vi Slumdog Millionaire as minhas expectativas eram altas (o filme ganhou os Globos de Ouro, a maioria das críticas é extremamente favorável, etc.) e o filme não esteve à altura!

Slumdog Millionaire, conta a história de dois irmãos, Jamal e Salim, no meio de uma Índia caótica e de uma pobreza extrema através de flashbacks, enquanto Jamal é alvo de um interrogatório por parte da polícia devido a sua performance no Quem Quer Ser Milionário indiano ter levantado dúvidas.

O argumento é bastante engenhoso, os planos da ruas de Mumbai são soberbos e a interpretação dos actores é muito boa, mas achei que o tom feel good do filme foi demasiado longe criando glamour onde não existe.

Para concluir o filme é bom, mas não é excepcional! Continuo a aguardar a adaptação de Boyle do romance Porno de Irvine Welsh...

19 de janeiro de 2009

RocknRolla (2008)


Realizador: Guy Ritchie

Argumento: Guy Ritchie

“If a slap don't work, you cut 'em or you pay 'em, but you keep your receipts, cos this ain't the Mafia.”

Guy Ritchie tem no seu CV dois filmes de gansters (ou melhor gansters wanna be...) muito bons. Se Lock, Stock and Two Smoking Barrels é um diamante em bruto, Snatch é o Der Blaue Wittelsbacher de Ritchie, o resto é só fraco e repetitivo.

Rocknrolla é um filme que se perde no seu próprio enredo e com personagens sem o carisma de Boris “The Blade”, “Turkish” e “Big" Chris. O argumento tem muitas pontas soltas, reparem no pormenor que a “Contabilista” em determinada altura é suspeita do “Abrahamovic versão Ritchie” mas esse dado perde-se no meio do enredo.

O melhor deste filme são os dois canastrões russos e respectiva perseguição. O resto já tinha visto...

[Rec]


Ano: 2007
Realização: Jaume Balagueró; Paco Plaza
Prémios:
- Silver Scream Award - Amsterdam Fantastic Film Festival (2008)
- Audience Jury Award; International Fantasy Film Award - Fantasporto (2008)
- Best New Actress [Manuela Velasco]; Best Editing - Goya Awards (2008)
- Audience Award; Best Actress [Manuela Velasco]; Best Director - Catalonian International Film Festival (2008)


Grande grande hora e meia de cinema, que mais do que o terror, provoca o susto e a inquietação, deixando o espectador num constante estado de desassossego.


Conta a história de uma equipa de reportagem de uma Tv espanhola que no decorrer de uma reportagem sobre os bombeiros locais sai com eles a atender a uma emergência…
Este filme consegue aquilo que o “blair witch project“ tentou, mostrando que uma técnica de filmagem de first person não esta a partida condenada ao fracasso e ao ridículo. Fora este comentário técnico (que vindo de um leigo, vale o que vale), nada mais a dizer alem de repetir que este é de facto um grande grande filme, bem conseguido em tudo, consistente, com um bom ritmo, e que não precisa de se apoiar no gore visual para se fazer valer.


Com filmes como este corremos o risco de ficar mal habituados, tanto por culpa do cinema espanhol, como por culpa deste realizador (Jaume Balagueró que ate agora ainda não soube falhar)




Enjoy (de certeza)



David o golias

Funny Games U.S. [Brincadeiras Perigosas U.S.]



Ano: 2007
Realização: Michael Haneke
Prémios:
- One to Watch Male [Brady Corbet] - Young Hollywood Awards (2008)

Falar deste filme requer dois parágrafos completamente diferentes:

O primeiro, sobre o filme em si:

Este é um grande filme, que tem tanto de bom, como de estranho e provocador. É um filme sobre a capacidade do Homem em ser malicioso, destrutivo, sádico, inconsequente, amoral... (e a lista continua, aumentado o numero de adjectivos com o decorrer do filme), mas também sobre a capacidade se sofrimento, de dor e de desespero. Pode ser considerado excessivamente violento em parte devido a sua inegável e constante violência, em parte também devido ao molde por vezes quase documental (sendo quase um ensaio) em que é filmado. O casting é perfeito, sendo perfeito+ no que se refere as escolhas de Michael Pitt e Brady Corbet (basta ver para entender o porque)

O segundo, sobre o “porque” deste filme:

Funny Games U.S. é um remake frame to frame de um filme de 1997 do mesmo realizador chamado: Funny Games… O filme original, austríaco, é tão bom como este, sendo que os filmes são iguais (não idênticos mas sim completamente iguais) em tudo excepto nos actores ( e se já disse que o casting da versão norte americana é perfeito, digo agora que os actores austríacos estão muito bem também, tendo face aos norte americanos a vantagem de, sendo para o publico em geral desconhecidos, não terem que se descolar de personagens anteriores, dando assim mais realismo ao aspecto “documental” do filme). Essa diferença não é nem de longe nem de perto uma boa justificação para o remake.

É então um óptimo filme que não precisava de ser feito (ate nisto o filme é ambíguo e estranho)


Enjoy (provavelmente)


David o golias

Paranoid Park



Ano: 2007
Realização: Gus Van Sant
Prémios:
- 60th Anniversary Prize, Cannes Film Festival (2007)


Um filme que a mim me soube a total desilusão. Não que o filme seja péssimo, mas é mau, e portanto muito abaixo do nível a que o realizador nos habituou.
Conta a história de um adolescente norte-americano que descobre o significado das palavras “remorso” e “culpa”…
As personagens são fracas, pouco carismáticas e desinteressantes, o enredo é quase nulo (se bem que com rasgos de uma pretensiosa complexidade moral) e a velocidade do filme pode ser apelidada de sonolenta.
De bom, a conjugação entre as imagens e a musica e alguns movimentos de câmara que nos relembram que este é um filme de Gus Van Sant (duas características que não chegam para salvar o filme).
Não recomendo, mas também não crucifico… acredito que haja gente que gosta (mais que não seja, pela inegável qualidade do realizador), mas eu não sou um deles.




Enjoy (tenho duvidas)


David o golias

16 de janeiro de 2009

The Wrestler

De Darren Aronofsky (2008)

Ao Darren: Todos temos dias menos bons.
Ao Randy: Todos merecemos uma segunda oportunidade. Mas também todos nos merecemos a nós próprios.
Ao Mickey: Gostei de te ver.

Carla V.









Realizador: Darren Aronofsky


Argumento: Robert D. Siegel

“ The eighties fucking ruled, man, until that pussy Cobain came and fucked it all up.”


The wrestler conta a história de Randy “The Ram” Robinson, um lutador de Wrestling que alcançou o pico da sua carreira nos anos 80 e que, actualmente, vive com os vislumbres desse passado em ringues/palcos “semi-amadores”.
Mickey Rourke tem uma interpretação brilhante, mas a relação que as personagens de Rourke e Marisa Tomei estabelecem é o ponto forte e fio condutor do filme, adjuvado pelo realização de Darren Aronofsky despida de artíficios cinematográficos (em contraste aos seus filmes anteriores). The Wrestler não ultrapassa o genial Requiem for a Dream, mas afirma Aronofsky como um dos mais interessantes realizadores da nossa era.

Em resumo, mais um grande filme do ano de 2008 e Rourke merece a nomeação ao Oscar (não digo ganhar porque ainda não vi Frank Langella em Frost/Nixon, nem Sean Penn em Milk…). Recomendo vivamente!
Rui Rodrigues

13 de janeiro de 2009

Gran Torino


"Gran Torino"
Realizador: Clint Eastwood
Argumento: Nick Schenk

O que dizer de mais uma pérola de Clint Eastwood? Absolutamente nada, embora este Gran Torino não tenha a mesma carga dramática que “Mystic River” ou os palcos de guerra de “Flags of our Fathers2. Gran Torino é sem dúvida um filme a reter nas mentes de todos os cinéfilos, um drama com uns toques humorísticos pelo meio. Clint Eastwood tentou a comédia e a verdade é que embora o filme não seja repleto dela consegue-a de uma maneira estrondosa. Filme pouco pormenorizado em termos de realização não o torna mau desde que a história seja simples e é isso mesmo que se trata, uma história simples.
Gran Torino fala de um velho veterano da guerra da Coreia que depois de morrer a mulher se vê confinado a viver sozinho num subúrbio violento habitado maioritariamente por vietnamitas, rejeitando o apoio dos filhos e também dos bons costumes vietnamitas, prefere viver o resto da sua vida isolado da sociedade. Eastwood aqui na pele de Walt Kowalski veterano então da guerra da Coreia tem aqui e mais uma vez uma interpretação excelente. Apoiado por actores secundários pouco conhecidos entre nós mas bastante credíveis na sua actuação, a direcção das personagens foi bem conseguida e o argumento de Nick Schenk embora não original leva um toque de excelência de Eastwood. Espaço ainda para certas expressões e situações que fazem lembrar o bom e velho Dirty Harry, que fez as nossas delícias quando éramos miúdos. Eastwood está lá em todos os aspectos, a dinâmica é boa, os diálogos convincentes e situações mirabolantes credíveis do ponto de vista das personagens. Eastwood está cada vez mais velho, mas espero que dure mais tempo em Hollywood porque a verdade é que numa era de remakes e continuações, a realização deste senhor destaca-se de muitos outros que já andam na realização a mais tempo que ele. Resumindo Gran Torino é uma delicia para os olhos e para umas boas risadas também.

Vale o bilhete por inteiro.

12 de janeiro de 2009

Appaloosa


“Appaloosa”

Realização: Ed Harris

Ed Harris realiza o seu primeiro Western com este Appaloosa protagonizado pelo próprio, Vigo Mortensen e Renée Zellweger. O que Appaloosa tem de especial embora não original é que é um western morto em termos de acção, repete alguns clichés do velho Western mas não o reinventa, não deliramos com os tiroteios mas deliramos com as personagens, algo que não acontece com os últimos filmes do mesmo género. Appaloosa é uma pequena cidade no novo México que de repente se vê ameaçada por um bando de assassinos entre eles o já velhinho Jeremy Irons que ainda tem muitos trunfos no baralho por jogar. Para combater tal problema, a cidade decide chamar dois forasteiros, Ed Harris e Vigo Mortensen para os combater.

A realização a cargo de Ed Harris é bem conseguida mesmo para estreante realizador, embora não nos deixemos envolver pela história logo no seu inicio, as personagens envolvem de acordo com as situações, os cenários estão bem conseguidos e o ambiente Western também, mas não esperem um “Bom, o Mau e o Vilão”, ou “Por um punhado de dólares”. Para filme de Western, Appaloosa tem pouquíssimos tiroteios e demasiados tempos mortos. O que mais gostei ao ver em Appaloosa foram os ângulos de câmara minuciosamente escolhidos por Ed Harris.

Quanto as personagens destaque para Ed Harris xerife um tanto inculto mas ajudado por Mortensen, que parece não conseguir livrar-se da personagem Aragon do “Senhor dos Anéis”, mas que no entanto tem um desempenho acima da média, e ainda Renée Zellweger mulher de poucos escrúpulos que se adapta no filme conforme as situações que a envolvem, ora muito conservadora na presença do Xerife, ora demasiado liberal na presença do bando de vilões.

Jeremy Irons que já algum tempo não o via no grande ecrã tem a meu ver um desempenho razoável embora desculpável devido á personagem que interpreta que não lhe deixa grande espaço para brilhar.

Resumindo, Appaloosa embora não seja um filme genial, deve-se ver, seja pelo desempenho das suas personagens, seja pela sua realização que vou ter o cuidado de seguir de agora adiante o trabalho de Harris atrás da câmara.

Vale meio-bilhete.

Diogo Garcia

11 de janeiro de 2009

Gomorra


Ano: 2008
Realização: Matteo Garrone
Prémios:
- Grand Prize of the Festival, -Festival de Cannes (2008)
- Best Film; Best Director - European Film Award (2008)


Baseado no livro homónimo de Roberto Saviano, Gomorra é o buraco da fechadura na porta da Camorra (máfia napolitana).

Um filme sobre a máfia, uma máfia mal vestida, mal falante, mal comportada. Uma máfia de homens, rapazes e meninos que agem e vivem longe do glamour romântico a que Hollywood nos habituou.
O filme segue o dia a dia de varias personagens, representativas de varias gerações, e da forma como as suas vidas e a vida da Comorra seguem lado a lado, algumas vezes não se percebendo onde começa uma e acaba outra.
È um filme cru e violento, a fazer lembrar o “Cidade de deus” (os paralelismos são bastantes, desde o tema, a forma como ele é abordado, ou ao facto de também aqui a grande maioria dos actores serem amadores, habitantes de Nápoles sem qualquer experiencia de representação[sendo que recentemente, 3 deles foram presos devido a sua ligação real com a organização]), sem no entanto atingir o patamar do brasileiro, seja pelo menor carisma das personagens, seja pela velocidade a que a acção se desenrola, mais lenta.


Como cereja no topo do bolo, uma cena com um intenso cheiro a kusturica (demasiado violenta nas palavras de uma amiga, suficientemente alucinada nas minhas)


Um grande filme portanto… um “Must see”, tanto para quem gosta da temática abordada, como para quem simplesmente gosta de grandes filmes.



Enjoy


David o golias

The Air I Breathe [O Ar que Respiramos]


Ano: 2008
Realização: Jieho Lee




Uma historia de historias, de vidas que se encontram e separam, se tocam e se alteram, guiadas por um fio condutor que pode ser o destino, a sorte, o acaso ou a acção de um homem com um dom especial.
Bem filmado, com uma boa montagem e uma voz off que acompanha toda a acção do filme, “The Air I Breathe” é um filme a fazer lembrar “Crash”,(mais que isso ate… na minha opinião um wannabe) sem no entanto ter o mesmo impacto e qualidade do galardoado.
O elenco é vasto e sonante, sendo que a maioria dos actores - Forest Whitaker; Emile Hirsch; Julie Delpy; Kevin Bacon – cumpre, Andy Garcia aparece como “Fingers” naquele que é o melhor desempenho do filme (ainda que a personagem de bandido estiloso e bem falante já comece a ser um cliché neste actor), Sarah Michelle Gellar e Brendan Fraser destoam totalmente, com maus desempenhos, pouco credíveis, e muito atrás do resto do elenco (ela a provar de vez que é uma actriz de merda com um palminho de cara, ele a provar que há personagens que não podem ter o ar de parvo do actor que as interpreta)

É assim um filme que não é “Must see”, nem sequer “Must”, sendo apenas um bom “see” .



Enjoy


David o golias

Lonely Hearts [Corações Solitários]


Ano: 2006
Realização: Todd Robinson




O filme segue a história dos “lonely hearts killers” (uma espécie de “Bonnie and clyde”) e do polícia que os persegue na América dos anos 40.
De realçar: o desempenho muito bom de Salma Hayek num papel que lhe assenta que nem uma luva e que ela sabe desempenhar bem (não se pode errar sempre…); a cena da mulher na banheira, uma imagem com um jogo de cores que dava um quadro; a personagem de John Travolta, um “The strong, silent guy that never complains... the Gary Cooper tipe!” (que o Travolta não estraga, mas também não aproveita totalmente)
Este é um policial típico, que com um bom elenco não surpreende nem desilude, não acrescenta nem retira, não alegra nem entristece. Quem não vir não perde nada, quem vir nada ganha.


Enjoy (ou não)


David o golias

8 de janeiro de 2009

Låt den rätte komma in (2008)

Realizador: Tomas Alfredson
Argumento: John Aivide Lindqvist baseado no seu romance homónimo

“- Are you a vampire?”

Låt den rätte komma in (traduzido em inglês para Let the right one in) era um dos filmes do ano passado que mais curiosidade me despertava, sobretudo devido ao hype que a crítica internacional criou e ao número de prémios que acumulou nos festivais de cinema independente.

Esta maravilhosa obra parte de uma premissa simples, conta a história de um miúdo de 12 anos, Oskar, com sonhos de vingança, e de uma miúda vampira chamada Eli. A relação que desenvolvem tem uma sensibilidade muito própria que quando aliada com a atmosfera negra e onírica do filme origina momentos que roçam a perfeição.

As personagens principais estão muito bem caracterizadas e representadas, no entanto as personagens secundárias não passam de estereótipos sem grande profundidade (único ponto fraco do filme).

Recomendo vivamente que vejam este filme!

The Curious Case of Benjamin Button

Um filme de David Fincher (2008)
Argumento baseado numa short story de Scott F. Fitzgerald

Este filme, no panorama geral do cinema, vale a pena ver. É claramente superior à maioria.
No entanto, relativamente ao que poderia ter sido, ao que se esperava que fosse, e ao que Fincher nos habituou, deixa algo a desejar.
Benjamin tem um dos percursos de vida mais originais do cinema, mas é simplesmente um Mr. Nice Guy cuja ingenuidade se preserva durante toda a história. Isto deixou Brad Pitt sem espaço para brilhar porque aparece sempre contido, fiel ao próprio Benjamin.
Mas as breves personagens com que ele se vai cruzando ao longo da vida têm sempre a hombridade de oferecer algo de encantador ao filme. São elas que o fazem especial.
Já as personagens femininas mãe, mulher e filha, são bastante mais reais e coerentes, incutindo ao filme uma dicotomia de fantástico masculino - racional feminino.
Quanto à história de amor... Vejam e concluam. Por mim, não fará História.

Mas, sem dúvida, a ver. No cinema, se possível. Especialmente se tiverem desconto. :)



Benjamin: It's a funny thing about coming home. Looks the same. Smells the same. Feels the same. You'll realize what's changed... is you.

Carla V.


Nota adicional: Na cena em que Benjamin e Daisy estão na cama sob uma luminosidade dourada divinal e enquanto trocam algumas palavras sobre os sentimentos e a eternidade, Brad Pitt proporciona-nos uma das suas imagens mais belas com uma postura e sensualidade deliciosas:
De ver e chorar por mais!!

7 de janeiro de 2009

Defiance


Defiance (2009)
realizador: Edward Zwick
argumentista: Edward Zwick, Clayton Frohman

Defiance conta a história de três irmãos bielorussos que durante a 2ª guerra mundial viram-se desprovidos das suas casas e das suas familias devido a expansão nazi na polonia. estes três irmão escondem-se então numa floresta acabando por construir uma comunidade constituida nao so por eles mas como tambem por todos os outros judeus que o o heroi tuvia bielski (por muita gente desconhecido) salvou dos guetos das cidades circundantes.
Edward Zwick, o realizador de Defiance depois do aclamado, mas insuficiente "blood diamond", já nao brilha como antigamente. embora o filme seja, até em certa medida uma biopic dos irmãos bielski o conceito de filme de guerra acaba por se afundar nos cliches que hollywood ja nos habitou. e acabamos por não tirar grande coisa dele.
Tuvia bielski (Daniel Craig) acaba por ser outro Schindler, outro Aristides de Sousa Mendes (nunca fizeram um filme sobre este), outro herói que, perante as adversidades tentou manter unida a comunidade que construiu com a ajuda dos irmãos, está tudo lá, os ataques furtivos aos camiões nazis, os amores não correspondidos, a construção de habitações na floresta, o treino de civis em soldados, as dificuldades passadas no inverno, a falta de comida, a doença, etc..., não falta nada, mas tambem tudo isto já foi feito e assim a originalidade acaba por se desvanecer.
A história nao muda mas mudam as personagens. Edward Zwick nao falha como realizador. a construção das personagens está excelente, mas o seu desenvolvimento ao longo da história não.
os desempenhos estão optimos mas nada que merece palmas de ouro, oscares ou ursos de ouro. A beleza dos cenários é fascinante onde a fotografia de Eduardo Serra novamente brilha (indecente não ter ganho o oscar por "Rapariga com brinco de pérola"), mas como disse atrás não esperem grande coisa, é filme para ver uma vez.
De tudo o que foi dito e dando o meu especial grau de Classificação:
De 10 Balas na Cabeça leva 3.
(vale pela realização, interpretação das personagens e efeitos técnicos)