28 de fevereiro de 2009

Irréversible

Um filme de Gaspar Noé (2002)

Ora aqui está um filme onde o 7.3 do IMDB está completamente aquém da realidade.
Irreversível é um filme que provoca sensações físicas de náusea no espectador desde os segundos iniciais, com um jogo de imagem e de som quase hipnótico. Um começo perfeito para o que se segue.

Vi várias vezes o filme, mas tenho que confessar que nunca o consegui ver sem olhar para o lado, por não aguentar a brutalidade das imagens que Gaspar Noé nos mostra. No entanto, a sua maior conquista é que se num momento estamos incomodados pelas imagens e pelos acontecimentos, basta decorrerem algumas cenas para já desejarmos estar ali e fazer parte da vida das personagens- lembro o good feeling da cena "Tu me fais tourner... la tête!"

O filme desenrola-se praticamente em tempo real, mas de trás para a frente e onde um mote está sempre presente: "Le temps détruit tout".

Vincent Cassel é a estrela, Monica Belluci é só o motivo - e que, pelo que tenho ouvido, o motivo para algumas pessoas verem o filme. Ela está presente na cena central do filme, de uma violência visual, auditiva (aqui, já só com gritos e palavras) e emocional fora do comum.

Uma história de vingança, de violência e de amor. Do negro, para o claro. Da morte para a vida. Ou vice-versa.

Um filme imperdível mas, desculpem a redundância, uma vez visto é impossível voltar atrás.



Carla V.

27 de fevereiro de 2009

Grave of the Fireflies - O Túmulo dos Pirilampos

Ano: 1988

Realização: Isao Takahata

Argumento: Isao Takahata


A culpa foi do filme “A Valsa com Bashir”.

Depois de ver o filme-documentário de animação da autoria de Ari Folman e de, em seguida, ter ouvido afirmar que era um dos melhor filmes sobre as consequências da guerra (apesar de ser animação), lembrei-me deste clássico filme anime (leia-se: animação japonesa) e decidi revê-lo, de modo a avivar a minha memória e comparar melhor os dois filmes.

Tinha-me esquecido quão pesado era este filme… Apesar do mencionado “Valsa com Bashir” ser um filme muito bom (a minha intenção original era de falar deste filme...), falta-lhe um carácter humano que há em grande abundância em “O Túmulo dos Pirilampos”, que o torna um filme muito melhor.

Produzido pelos Estúdios Ghibli (mais conhecidos por fazerem filmes de fantasia), o filme segue a história de duas crianças japonesas que, na fase final da Segunda Guerra Mundial, depois de terem perdido a mãe num bombardeamento, fazem os possíveis para sobreviver num mundo devastado pela guerra. Na altura em que saiu, o filme destacou-se pela imagem crua e real do Japão em 1945 e pelo ambiente emocionalmente devastador que domina o filme, apesar de ser de animação (ou seja, direccionado para crianças).

Realmente, de entre o género anime, “O Túmulo dos Pirilampos” destaca-se pelo teor emocional que transmite. Apesar de serem desenhos animados, é impossível ficar indiferente ao retrato do horror da guerra e das suas consequências (não apenas sobre a sociedade, mas sobre indivíduos comuns) que vemos no filme. Há momentos de esperança ténue, coragem determinante e de tragédia inquietante, retratados de maneira sublime pelos traços animados de Isao Takahata (que, embora tenha prosseguido com uma carreira de sucesso nos Estúdios Ghibli, a verdade é que nunca mais repetiu a proeza de fazer um filme tão magnífico como este).

Apesar de não recorrer a qualquer tipo de efeitos fantásticos, o filme tem imagens belíssimas (destaque para a cena dos pirilampos na gruta), assim como chocantes (para o final há um momento que deixa qualquer pessoa sem palavras), reforçadas com uma banda-sonora de nível épico. O argumento vale muito pela proeza de construir duas personagens principais marcantes, despertando subtilmente uma empatia com o espectador (perde, porém, na elaboração fraca das personagens secundárias, que acabam por ser mais figurantes que personagens em si).

Um filme essencial que todos devem ver, sendo dos raros casos em que a animação consegue mostrar mais humanidade do que muitos filmes com pessoas de carne e osso.

Pineapple Express [Alta Pedrada]


Ano: 2008
Realização: David Gordon Green

O filme conta a história de um homem e do seu traficante de droga, que de um momento para o outro se vêm perseguidos por um perigoso criminoso.


Vi este filme porque li maravilhas da crítica, e sinceramente, fiquei desiludido. O filme esforça-se demasiado por ter piada, e apoia-se demasiado na piada fácil, o que é uma pena, pois é quando não o faz que atinge os seus pontos mais altos (que mesmo assim ainda são alguns, como algumas cenas de James Franco, ou a original cena de pancadaria). Faz esboçar alguns sorrisos e um ou outro riso, mas não mais que isso. Não é uma inovação ao género, é mais do mesmo!



Enjoy (para quem gostar do género)

David o golias

Shortbus


Ano: 2006
Realização: John Cameron Mitchell
Prémios:
- Audience Award - Athens International Film Festival (2006)
- Best Art Direction; Best Screenplay - Gijon International Film Festival (2006)
- Best Actor [Paul Dawson] - Glitter Awards (2007)
- Best New Feature Film - Zurich Film Festival (2006)


O filme conta a historia de vários Nova-Iorquinos e das suas buscas sentimentais e sexuais.
A historia é a mesma já tanta vezes vista, problemas amorosos, sexuais, de auto-estima, de lugar no mundo, etc etc… Onde este filme realmente inova é na provocação (principalmente visual) em que se apoia, fazendo ver a um publico mais mainstream imagens que ele normalmente se recusaria a ver (a lista é enorme). É assim um filme porreiro, com aceitáveis desempenhos e uma realização coerente, que se não fosse a sua esporádica agressividade visual passaria como apenas mais um filme mediano sobre relações humanas.



Enjoy (mais por ser diferente do que por ser óptimo)

David o golias

25 de fevereiro de 2009

Alice


Ano: 2005
Realização: Marco Martins
Prémios:
- Best Short Film - Cannes Film Festival (2005)
- Audience Jury Award; International Fantasy Film Award - Mar del Plata Film Festival (2006)


O filme conta a história de uma criança que desaparece em Lisboa, e da maneira como os seus pais lidam com o seu desaparecimento.


Infelizmente não há muito a dizer sobre um filme onde não acontece muita coisa. Parece que a mesma cena é repetida vazes sem conta do decorrer da hora e meia de filme (e ainda que seja uma boa cena, acaba por cansar).O filme tem o mérito fugir a uma narrativa e uma estética de “cinema português”, não caindo nem na escola do cinema de Oliveira ou de Cesar Monteiro, nem na nova corrente de “mamas e palavrões”. Nuno Lopes esta muito mas muito bem, usando de uma expressão física e facial que transmite dor e desespero ao primeiro olhar, e que o eleva ao patamar daqueles que nos conseguem fazer chorar e chorar a rir.



Enjoy (se aguentares por hora e meia um filme que devia ser de meia hora)

David o golias

Lars and the real girl


Realizador: Craig Gillespie

Argumento: Nancy Oliver

“Lars and the real girl” é um filme soft propenso a muitas gargalhadas, a realização a cargo de de Craig Gillespie ofereceu uma simplicidade pouco vista em filmes do género e o argumento de Nancy Oliver toca em temas difíceis que normalmente são resolvidos de maneiras extremamente simples.

Lars é interpretado por Ryan Gosling e de facto o papel cabe-lhe que nem uma luva o que consequentemente levou a uma interpretação brilhante por parte do actor. Devidamente acompanhado por Emily Mortimer que é mais uma estrela em ascensão em Hollywood e por Paul Schneider, o filme toma uma dimensão invejável em termos de ajuda ao próximo (Lars), praticamente impossível nos dias de hoje mas ainda possível em pequenas cidades e aldeias.

Aquela ideia de pequena “intervenção” feita na sala de estar por toda a família quando um dos membros tem um problema (drogas, jogo, etc…) toma em Lars and the real Girl uma dimensão gigantesca quando toda a cidade começa a intervir para ajudar Lars a atingir um objectivo que ele próprio ainda não sabe qual é. Não existem intrigas, nem discussões, simplesmente soluções.

Lars and the real girl é um filme simples, sem grandes artifícios e onde o humor e o drama se conjugam na perfeição. Não tenho necessidade de dizer muito mais, é um “must see”.

Vale o bilhete

JCVD


Ano: 2008
Realização: Mabrouk El Mechri


Aqui, Jean-Claude Van Damme faz de Jean-Claude Van Damme, que após a decadência da sua (já de si decadente) carreira de actor, e no decorrer do seu processo judicial pela guarda da sua filha, decide voltar ao seu pais natal (que, para aqueles que não sabem os pormenores biográficos do actor, é a Bélgica).


Ora aqui esta um filme, que muitos de nos só pela capa diríamos “nunca na vida!!!”, mas perderia-se assim, a única hipótese de ver Van Damme a representar.


O filme em si não é bom: é um bocado chato (muito lento a chegar onde quer que seja); tenta demasiado ter piada (sendo que nunca o consegue, mas também não precisava de o conseguir); os restantes actores são medíocres (nunca pensei algum dia escrever “medíocres” quando a comparar o talento de alguém ao de Van Damme).
O filme em si não é mau: Van Damme Esta inegavelmente bem, sustenta o filme, faz sorrir e surpreende; a realização é muito muito boa, com um estilo irreverente, com óptimos pormenores vindos do nada, que nos fazem retomar a atenção que se calhar, se ia desvanecendo aos poucos; o brilhante, mas brilhante mesmo, monologo do “eu Van Damme me confesso”( que me atrevo a dizer, é imperdível).


Este filme é assim um verdadeiro antagonismo, que vale por ser de quem é, por nos dar uma visão que julgávamos nunca vir a ter. Afinal os “cromos” também são gente… Fico a espera do Biopic do Paulo Coelho para engolir mais um sapo!



Enjoy (mais que não seja, pela estranheza que te vai fazer sentir)

David o golias

Milk


Ano: 2008
Realização: Gus Van Sant
Prémios:
- Best Performance by an Actor in a Leading Role [Sean Penn]; Best Writing, Screenplay Written Directly for the Screen - Academy Awards (2009)
- Best Supporting Male [James Franco] - Independent Spirit Awards (2009)


O filme conta a historia verídica de Harvey Milk, um homossexual que se envolve no movimento dos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos da América.
Aqui esta um bom filme, sustentado por uma boa realização e por duas óptimas performances, tanto a de Sean Penn que esta fantástico, encarnando na perfeição tanto a fisionomia como os maneirismos de Milk, como de Emile Hirsch quase irreconhecível e que rouba as cenas em que entra (não sabe estar mal este gajo…ultimamente, o nome dele é sinonimo de qualidade). De apontar como mau só o enredo, que se torna um pouco confuso em certas alturas (devido aos nomes e funções dos vários cargos políticos referido) e perde um pouco a atenção de quem vê.

Gus Van Sant esta muito bem, fazendo ao longo do filme varias “brincadeiras visuais”, que realçam em muito o prazer de ver este filme (como a cena do apito, que é a meu ver, a cereja no topo do bolo).


Enjoy (certamente)

David o golias

22 de fevereiro de 2009

Alien


Alien
Realizador: Ridley Scott
Argumento: Dan O´Bannon e Ronald Shusett
Ok, é antigo mas é obrigatório, Alien de Ridley Scott abriu provavelmente o género “one by one kills” ao cinema moderno. De notar que Ridley Scott com este filme estava precisamente a entrar num género que não era o dele (ficção cientifica) e a verdade é que se mostrou bastante consistente não só nas filmagens como também na direcção dos actores, os cenários são fascinantes e os efeitos especiais de cortar a respiração
A utilização de biomecanoides para filmes de terror nunca foi tão bem utilizada e tenho pena que agora a constante sejam os efeitos especiais computorizados. O extraterrestre tem uma aparência fidedigna tornando-o fantasticamente real. Criado por H.R Giger um dos meus artistas favoritos é sem duvida alguma um monstro que ficará para a história do cinema.
Os actores são bem conhecidos e muitos devem a sua carreira a este filme principalmente Sigourney Weaver, que antes do filme estrear só tinha feito pequenas aparições em outras películas (Annie Hall de Woddy Allen). A suportar o filme encontram-se dois veteranos John Hurt e Tom Skerritt com desempenhos notáveis e embora o argumento não tenha explorado suficientemente estas personagens a presença dos veteranos nota-se no grande ecrã.
O argumento é clássico e agradeço o facto de não ter havido reviravoltas, numa altura em que os “plot twists” começavam a crescer em Hollywood, Dan O´Bannon consegui manter uma história de ficção científica rápida e realista, com poucos tempos mortos e um terror de cortar à faca.
De Alien retiro tudo e infelizmente tenho pena que nos últimos 5 anos tenham feito desta criatura objecto para projectos tão medíocres como Alien vs Predator, Hollywood tem uma estranha tendência para estragar aquilo que é bom e Alien não foi excepção. Fico-me pela quadrilogia.

"Micro changes in air density, my ass."

Doubt - Dúvida



Ano: 2008

Realização: John Patrick Shanley

Argumento: John Patrick Shanley

Assim como no ano passado “Juno” destacou-se entre os nomeados dos Óscares, “Doubt” foi para mim, dos nomeados deste ano, a maior surpresa deste ano. Não só pela qualidade que detém, mas pela injustiça que sofreu em não ter recebido nomeação para Melhor Filme (enquanto filmes como “The Reader” se distinguiram na lista dos nomeados…).

O filme passa-se em meados da década de 1960, num colégio religioso, onde um padre é alvo de suspeitas da freira/directora do colégio, devido a uma relação controversa que tem com um aluno. Baseado na peça “Doubt: A Parable” (da autoria de Shanley), o filme aborda diversos temas como a discriminação racial, a homossexualidade, a autoridade eclesiástica e, sobretudo, a dicotomia religião/fé. Porém, nem sempre tais assuntos controversos são abordados de maneira directa. De facto, este não é um filme pesado nem chocante, mas sim provocante, pois (subtilmente) todas as questões são analisadas de forma sincera e clara.

A coragem do argumento revela-se através de um diálogo verdadeiro, espontâneo e cativante. Aliando-se uma realização capaz, que não mostra pressas, mas também não arrasta o enredo (o final é provavelmente um dos mais perfeitos que já vi, em tempos recentes), Shanley prova ser um narrador de grande categoria. Contudo, são os protagonistas que fazem o filme brilhar ainda mais, através de desempenhos fantásticos. Nesta categoria, a Academia felizmente e justamente não ignorou o filme. Os personagens que Phillip Seymour Hoffman e Meryl Streep interpretam, apesar de inicialmente parecerem um pouco caricaturados, dão presença de uma humanidade que raramente se encontra no grande (ou pequeno) ecrã. É de se destacar também o papel (porventura pequeno, mas impossível de ignorar-se) de Viola Davis.

No fundo, “Doubt” acabou por me conquistar um pouco pela mesma razão que “Juno” conseguiu tal feito: é um filme simples, com uma honestidade poderosa que não deixa o espectador indiferente. Neste caso, num tempo em que os filmes se regem cada vez mais pelo exagero quantitativo (negligenciando-se muito a qualidade), menos é sem dúvida (lá tinha de vir o trocadilho estúpido…) mais.

P.S. - descobri agora que Shanley, antes de seguir a carreira de dramaturgo, ainda chegou a realizar um filme nos inícios dos anos 90: “Joe Contra o Vulcão” (caso para se dizer “as voltas que o mundo dá”)

Planet Terror


Realizador: Robert Rodriguez

Argumento: Robert Rodriguez

Homenagem aos filmes de série B Rodriguez brilhou e brilhou tanto que conseguiu destronar Tarantino nesta mesma homenagem. “Planet Terror” tem tudo o que os filmes de série B têm, argumentos previsíveis, punch lines ridículas, situações duvidosas, humor negro quanto baste e catrefadas de sangue. “Planet terror” só pode ser uma relíquia se for mau (série B) e é mesmo isso que Planet Terror é, ridículo, tão ridículo que nos faz rir á gargalhada, Rodriguez fez o trabalho de casa, o realizador de “From Dusk till Dawn” captou a essência dos filmes do género e encaixou-os na perfeição em Planet Terror, temos de tudo desde fitas queimadas a perda de cor da película. É um filme cool e para os amantes do género o entretenimento será sem dúvida alguma garantido. Os actores são caras conhecidas, Rose Mcgowan que vemos no “Death Proof” de Tarantino a esmagar a cara contra o tablier do carro de Kurt Russell e uma das mais jovens estrelas em ascensão em Hollywood, Freddy Rodriguez de “Six Feet Under” e “Bobby”, todos estes tão acompanhados de nomes que vão desde Bruce Willis a Naveen Andrews outra estrela provinda da série “Lost”.

Tarantino ficou a perder no crash que houve entre as duas películas “GrindHouse”, Rodriguez explorou melhor o conceito de B movie e consequentemente o resultado mostrou-se no grande ecrã. A fotografia está demais e parece que estamos a assistir ao filme num drive-in americano.

O argumento a cargo também de Rodriguez é simples, rápido, divertido e cumpre os objectivos a que se propõem. As gargalhadas ficam mesmo para os aficionados do género e é preciso ver o filme com mente aberta e entender o género. Carla sei que vais comentar por isso contra-ataca.

Aproveito ainda para desejar a toda a equipa uma boa directa para a noite dos oscares.


"I've seen me a lot of weird shit in my day, but I ain't never seen a one-legged stripper. I seen me a stripper with one breast. And I seen me a stripper with twelve toes. I've even seen me a stripper with no brains at all, but I ain't never seen a one-legged stripper. And I've been to Morocco"

21 de fevereiro de 2009

Gone with the Wind

(E tudo o Vento levou...)
De Victor Fleming (1939)

Ganhou 8 Óscares: melhor actriz, melhor actriz secundária (Mammy foi a primeira pessoa afro-americana a ser nomeada e a ganhar), melhor filme, melhor realizador, melhor argumento, etc... e foi nomeado para mais 5.

Este é o meu filme favorito.
Perfeito e eterno.

É Histórico. Retrata a Guerra Civil Americana e a evolução da sociedade sulista, antes e depois da guerra.
É denso. Com uma boa variedade de personagens (cerca de 50 creditadas), com diversos níveis de interesse e profundidade, não há quem faça falta e não há quem esteja a mais. Scarlett é simplesmente a melhor personagem feminina da história do cinema. Rhett, charmoso, irónico e politicamente incorrecto, provoca muitos sentimentos e muito contraditórios entre as mulheres. Foi, certamente, um modelo de inspiração para os galãs e para os comuns mortais. Já Mammy é cáustica, Prissy é irritante, Ashley é bom e fraco, Belle é uma prostituta que sabe ser mulher... Enfim, criou-se um enredo realista e completo.
É uma fabulosa sinfonia de beleza visual, auditiva, racional e emotiva. Os cenários, as cores e a luz, a banda sonora e o guarda-roupa; a estória e a sua evolução, os sentimentos humanos explorados: o amor, a protecção, o medo e o desespero, a ganância, o orgulho, a impotência, a pena, a esperança... tudo se toca, tudo se harmoniza.
É Longo. São 3 horas e meia de obra-prima.
É indescritível.


Para quem acredita que a arte é intemporal.



There was a land of Cavaliers and Cotton Fields called the Old South... Here in this pretty world Gallantry took its last bow... Here was the last ever to be seen of Knights and their Ladies Fair, of Master and of Slave... Look for it only in books, for it is no more than a dream remembered. A Civilization gone with the wind...

20 de fevereiro de 2009

Wicker Park

(O Apartamento)
De Paul McGuigan (2004)

Este filme é sobre a busca da verdade e do paradeiro de um antigo amor. A história não é nada de novo, mas é contada de modo interessante: cheia de analepses e prolepses, vai-se desvelando pouco a pouco. Há alguns bons momentos de surpresa (às vezes até dissimulados) e de beleza.

Rose Byrne é o melhor do filme. Está presente nas melhores cenas, superando qualquer uma das personagens principais. Na minha opinião, está na altura desta actriz dar o salto para maiores papéis e maiores filmes. Parece-me que tem todo o talento para o fazer.

Fica na memória a cena final, com a música dos Coldplay a fazer grande parte do serviço...

A ver naqueles dias em que não apetece um filme profundo, mas que se quer sentir algo.





Matthew: When you see something from afar, you develop a fantasy. But when you see it up close, 9 times out of 10, you wish you hadn't.

Carla V.

18 de fevereiro de 2009

The Reader [O Leitor]


Ano: 2008
Realização: Stephen Daldry
Prémios:
- Best Performance by an Actress in a Supporting Role [Kate Winslet] - Golden Globes (2009)
- Youth in Film [David Kross]; Best Actress [Kate Winslet] - Las Vegas Film Critics Society Awards (2008)
- Best Performance by an Actress in a Leading Role [Kate Winslet] - Academy Awards (2009)
- Best Leading Actress [Kate Winslet] - BAFTA Awards (2009)


O filme conta a história de um jovem rapaz que numa Alemanha pós guerra conhece uma mulher mais velha com quem inicia uma relação amorosa.
Esta película que recebeu a nomeação para o Óscar de melhor filme surpreende por não surpreender. A história é bem contada, mas não vai mais alem, nunca atinge o fantástico, o soberbo ou o maravilhoso. Sem contar com David Kross que leva o filme as costas o restante das actuações não brilham (a de Kate Winslet não me parece que seja para Óscar, e Ralph Fiennes passa quase totalmente ao lado do filme), a intensidade dramática dilui-se ate quase se desvanecer, o apogeu da história passa quase despercebido, e a mensagem que o filme procura passar passa muito ao de leve.


É daqueles filmes que se vê, mas não se volta a ver.




Enjoy (porque é uma maneira diferente de olhar para uma historia já tantas vezes contada)

David o golias

Frost/Nixon


Ano: 2008
Realização: Ron Howard
Prémios:
- Best Actor[Frank Langella]; Best Director; Best Picture; Best Screenplay - Las Vegas Film Critics Society Awards (2008)



O filme conta a historia da entrevista (e dos preparos desta) que o antigo presidente dos Estados Unidos deu ao entrevistador britânico
Parti para este filme sem muita vontade, porque normalmente as tramas políticas não me seduzem muito (ou se seduzem, depois desiludem). Mas bastam alguns minutos de filme para se perceber o dinamismo e o forte carisma das duas personagens principais, que nos agarram instantaneamente. O filme tem um bom ritmo e um bom crescendo da trama, e a realização ainda que não de nas vistas cumpre perfeitamente.
Mas de longe, o melhor do filme é Frank Langella (com um desempenho fantástico, que não nos deixa saber, se simpatizamos ou não com Nixon), o sorriso de Michael Sheen que de tão branco e tão largo que é, rouba qualquer cena em que entre, e a intensa cena do cheeseburger.




Enjoy (porque grandes desempenhos são sempre de apreciar)



David o golias

They Shoot Horses, Don't They? – Os cavalos também se abatem


Ano: 1969

Realização: Sydney Pollack

Argumento: Robert E. Thompson, James Poe


Tive há pouco tempo a oportunidade de rever este filme maravilhoso que, durante a minha adolescência, despertou-me um novo interesse pelo cinema que dura até hoje. De facto, este é um filme que, apesar da sua idade, ainda não perdeu (e duvido que tão cedo perderá) nenhuma da sua força original, continuando a ser uma obra de cinema relevante para os dias de hoje.

Baseado no romance homónimo de Horace McCoy, o filme segue a mesma premissa: durante a era da Grande Depressão, organizam-se maratonas de dança, onde quem conseguir dançar por mais tempo receberá uma boa quantia de dinheiro como prémio. Acompanha-se então o esforço de um grupo de várias pessoas que, cobiçando tal prémio monetário, inscrevem-se numa maratona do género e acabam por chegar aos limites da resistência humana para continuar a dançar, apesar de se passarem dias, semanas e mesmo meses.

O filme é brutal, em todos os sentidos possíveis da palavra. Na verdade, os elementos que mais se prezam neste drama são igualmente os mais assustadores, na medida em que quem o vê chega várias vezes a sentir na pele o desconforto, o sofrimento e o desespero que os protagonistas sentem no seu decorrer.

Falando-se do elenco, encontra-se aqui muito bem conseguido (dando-se destaque a Jane Fonda e Gig Young), na medida em que cada qual dos actores consegue edificar uma personagem real e cativante, com que os espectadores possam identificar-se, evitando-se assim que o filme se transforme num mero espectáculo de tortura inumana.

O filme também se preza pela narrativa, sobretudo pelo uso de prolepses subtis que indicam pistas do final climático do filme (embora tal figura estilística seja comum em muitos livros e filmes de hoje, este filme foi dos primeiros e melhores exemplos da sua utilização no cinema) e que também servem como pausas ao sentido frenético que o filme muitas vezes toma.

“Até onde iria para ultrapassar os seus limites?”. Tal questão, hoje em dia explorada até à exaustão por slogans genéricos, nunca foi tão bem examinada como nesta visão distópica de Pollack, uma poderosa crítica à banalização do sacrifício humano em prol do espectáculo.

Platoon (1986)

Realizador: Oliver Stone

Argumento: Oliver Stone

"I think now, looking back, we did not fight the enemy; we fought ourselves. The enemy was in us. The war is over for me now, but it will always be there, the rest of my days. "

Platoon é um dos melhores filmes que vi na minha vida, digo isto desde que o vi pela primeira vez... E o passar do tempo não muda a minha opinião!

A história desta obra-prima centra-se na rotina de um pelotão norte-americano durante a guerra do Vietnam contado pelos olhos de um rookie, Chris Taylor (Charlie Sheen), que desistiu da universidade para se alistar. Rhah (Francesco Quinn) quase que resume o filme como o conflito moral entre o Sargento Barnes e o Sargento Elias (interpretados magistralmente por Tom Berenger e Willem Dafoe, respectivamente) como uma luta pela "posse da alma" de Taylor.

O argumento é excepcional, visto que desenvolve as personagens sem falsos moralismos mostrando-nos o peso da anarquia de uma guerra no carácter dos soldados. Esta obra-prima tem, na minha opinião, uma das melhores cenas filmada, a morte de Elias ao som de Adagio for Strings de Samuel Barber. E tudo o resto fica bastante perto da perfeição, personagens secundárias, cinematrogafia, banda sonora...

Recomendo vivamente! Deveria ser obrigatório.

17 de fevereiro de 2009

Crouching Tiger Hidden Dragon

Crouching Tiger Hidden Dragon

Realizador: Ang Lee
Argumentista: Hui-Li Wang baseado no livro de Du Lu Wang


Fascinante ou exagerado?

Fascinante é de certeza. Crouching Tiger, Hidden Dragon abriu um novo género (Wuxia) ao cinema oriental, a beleza dos cenários e os bailados disfarçados de artes marciais fazem deste filme um “must” para os amantes do género. Ang Lee trabalhou e trabalhou bem. A direcção de câmaras e actores é um êxito inabalável no cinema e as coreografias enquadram-se perfeitamente nos cenários circundantes. Vencedor de um Óscar para melhor filme estrangeiro em 2000, o filme de Ang Lee virou BlockBuster como filme de artes marciais quando está longe de o ser.
Crouching Tiger, Hidden Dragon (CTHD) é muito mais, a história é envolvente, certo que poderá trazer tédio a muitos espectadores não apreciadores do género mas de certo que para outros é uma delícia audiovisual, é difícil nos dias de hoje encontrar um filme que combine na perfeição coreografia/cenário/banda sonora e onde os outros falham, CTHD acerta em cheio. Onde uns veêm artes marciais completamente desmedidas outros veêm um bailado digno de passar num teatro perto de nós, destaque essencial para a coreografia de luta entre os pinheiros que pessoalmente acho lindíssima. Quanto aos actores a credibilidade existiu, Chow Yun Fat fez a obra prima que sempre sonhou no Oriente, mas não conseguiu brilhar em Hollywood com papeis extremamente duvidosos como “Bulletproof Monk”. Outra actriz que ascendeu com este CTHD foi Michelle Yeoh que voltou a participar noutros filmes do género como Fearless ao lado do conhecido mas pouco afamado Jet Li.

“No growth without assistance. No action without reaction. No desire without restraint. Now give yourself up and find yourself again.”

16 de fevereiro de 2009

Wall-E

De Andrew Stanton (2008)
Nomeado para 6 Óscares, incluindo o de melhor filme de animação, melhor argumento original e melhor banda sonora.

Wall-E é o melhor boneco animado de sempre! Um robot extremamente expressivo que derrete o coração quando faz ar de cachorro.
A sua vida era simplesmente compactar e empilhar o lixo que o Homem deixou na Terra antes de a abandonar, por estar inabitável. Mas, na verdade, ele não quer saber de salvar o nosso Mundo... Só quer completar o dele.
A tentativa deste pequeno explicar aquilo que ele nunca foi, pode mesmo fazer-nos retornar à magia perdida das coisas.
Tem uma cena deliciosa no Espaço! De louvar é também a prognose do Humano: cómica mas plausível. E se...?

Imperdível para quem gosta de animações e para quem tem um certo músculo no peito :)


WALL.E: Eeeee... va?

15 de fevereiro de 2009

Australia

De Baz Luhrmann (2008)


Australia é a desilusão em estado de bobine.
Não compreendo os louvores da crítica a este filme. Épico? Poupem-me.

Australia é uma imitação reles de grandes marcos do cinema em forma de "super-mix". Para mim, o mais chocante é com África Minha - as personagens principais foram criadas à sua imagem e semelhança e nenhuma delas consegue ser minimamente digna da responsabilidade...

Não soube ser drama, não soube ser comédia, não soube ser aventura nem acção. Está repleto de clichés que nos permitem antever o filme: quando pensamos que seria óbvio, que seria barato, que o cinema já esgotou estas tentativas em milhares de outras ocasiões, eis que aparece no ecrã de Australia. Não houve qualquer preocupação com a credibilidade em fases cruciais do filme. Chega mesmo a uma altura em que ficamos embasbacados com aquilo em que o filme se tornou.

Qualquer dia Nicole Kidman não se vai conseguir livrar do sinónimo a mau filme. Hugh Jackman está perdoado pelo percurso relativamente consistente que tem feito , porque a culpa não foi só dele e porque espero um brilharete no seu próximo papel de Wolverine.
O melhor do filme são as paisagens, pouco exploradas.

Não gostei de ver, não recomendo. Bonito era ver Portugal a demonstrar a sua superioridade absoluta se fizessemos um boicote a esta palhaçada...





Lady Sarah Ashley: Let's go home.
Drover: There's no place like it.

Carla V.

Fargo

De Joel Coen (1996)
Óscar de melhor actriz principal
Óscar de melhor argumento
Nomeado para (mais 5) Óscares de melhor filme, melhor isto, melhor aquilo...


Este filme tem um elenco excelente, com uma boa realização e o cenário à abominável homem das neves que eu supus ser monótono, acabou por ser um "plus" do filme.
Aqui, uma dupla de assassinos rapta uma dona de casa a pedido do marido que atravessa problemas financeiros. Apesar de a premissa do filme não ser sequer original (então se relembrarmos a história dos Coen, é mesmo bastante batido), o argumento acabou por ser uma boa surpresa.
Um óptimo domínio do humor, personagens alucinadamente credíveis e uma interpretação fantástica de Frances McDormand e do sempre-apto-a-papéis-do-género Steve Buscemi!

É um bom filme que merece a atenção e até os prémios que teve, mas que não parece justificar nomeação para tanto Óscar (o melhor filme foi meritoriamente atribuído a'O Paciente Inglês).
A César o que é de César...




Carl Showalter: "No." That's the first thing you've said in the last four hours. That's, a fountain of conversation there, buddy. That's a geyser.

Carla V.

9 de fevereiro de 2009

Hoje é dia de festa...

A equipa do Meio Bilhete deseja um óptimo dia de aniversário a David, o Golias!



;)

HellRide


HellRide

Realizador: Larry Bishop
Argumentista: Larry Bishop

Já aqui foi feita a critica mas não posso deixar de comentar este filme até porque não tenho visto nada de muito interessante nos últimos tempos e o símbolo “Tarantino” me tenha assaltado para o ver. É certo, como o David disse, este filme tresanda a Tarantino mas entendo tal como ele que as diferenças vão-se notando ao longo do filme.
HellRide é um filme “cool”, heróis, tiros, pontapés, explosões, Bikes, Booze, Botties, mas é um flop entre os demais. Larry Bishop não inova, imita, o que é uma facada nas costas dos filmes do género. As personagens são mal exploradas e algumas muito pouco credíveis e Vinnie Jones, Deus nos livre, não está, como disse o David a altura deste género de cinema. O que HellRide significa para mim é que até os bons actores (David Carradine e Dennis Hopper) as vezes têm de ganhar dinheiro a fazer filmes medíocres. As abundantes cenas de promiscuidade são demais, não que eu não goste de ver mamas no grande ecrã, mas assim não. :)
Nem tudo é mau, a verdade é que o filme entretém, mas no fim é um vazio absoluto. Gostei de ver Eric Balfour, já não o via desde Six Feet Under, onde a sua personagem não lhe dava muito espaço para brilhar, mas em HellRide safou-se bem e penso que como actor tem pernas para andar não fosse o flop do filme.
Tristeza das tristezas é ver um dos meus realizadores favoritos (Tarantino), aqui nas vestes de produtor a dar dinheiro a um projecto tão diminuto.
HellRide é bom para passar o tempo mas é mau como experiência cinematográfica.
Tens mais que permissão para discordar David…

Vale menos que meio-bilhete, mas acredito que para dias de tédio até o achemos espectacular.

The Mist


The Mist

Realizador: Frank Daranbot

Argumentista: Frank Daranbot baseado no livro de Stephen King

Habituei-me ao facto de que tudo o que venha de Frank Daranbot baseado num conto de Stephen king é bom e “The Mist” não foi excepção. The Mist é um drama que foca essencialmente a verdadeira natureza das pessoas no que diz respeito a situações extremas, o poder interior de auto-destruição e ajuda mutua em tempos de catástrofe. Frank Daranbot foge um pouco ao seu género de filmes, não por ser um drama mas sim por o filme roçar a ficção cientifica e o suspense, géneros em que Daranbont poucas vezes teve oportunidade para insurgir. A realização está excelente, Frank soube conduzir muito bem as personagens e a evolução das mesmas nota-se no ecrã. O filme abunda em personagens mas é interessante ver que são as personagens secundárias que levam o filme as costas, não por as personagens principais serem pouco conhecidas entre o grande publico mas sim pelo facto de que são as primeiras que vão influenciar as atitudes das segundas no decorrer da acção. Marcia Gay Harden é a personagem mais “vistosa”, esta (S)enhora que já merecia o Óscar tem mais uma vez um desempenho brilhante. Quanto a Stephen King, não tenho muita coisa a dizer, as pessoas conhecem-no pelo terror, eu conheço-o pelos dramas e a verdade é que este escritor não muda com o passar do tempo, aposta na ficção científica para retirar comportamentos emocionais em situações limite e o resultado acaba sempre por ser bom. Os extraterrestres em “The Mist” cumprem a sua função, a de conquista de massas, o resto fica para espectadores mais atentos. O final… bem… penso que é exagerado mas “caramba” é muito bom : )

Valia resmas de bilhetes não tivesse saído já em vídeo.