28 de agosto de 2009

Inglorious Basterds

IngloriousBasterdsPoster2 Tarantino aparece e é sempre mais uma razão para ir aos cinemas e sim Inglorious Basterds hits the spot. A obra bélica de Tarantino prima pela diversidade, pelo grande sentido de humor negro e por uma maneira extremamente peculiar de contar um história da segunda grande guerra. Contada através de 5 capítulos a história narra um grupo de soldados judeus americanos que se infiltra nas linhas inimigas com o único objectivo de espalhar o terror entre os nazis, mas a verdade é que embora o mote principal seja este existe muito mas muito mais a ser dito sobre esta película

Tarantino brilha mais uma vez e não aborrece na realização, mostrando sempre um prato de dinâmica constante atrás das câmaras apimentado por diálogos suculentos e que embora sarcásticos para todo o historial da segunda guerra arrebatam-nos juntamente com as peculiaridades de cada personagem. Tarantino não tem medo de inovar, sobe a fasquia de realização para outro nível e não se interessa em termos da linha condutora. O filme apresenta uma enorme diversidade nos ângulos câmara. a acção não é constante mas os breaks resultam com tarantino porque sendo desde já um grande mestre em cenas de acção e depois na narrativa. o filme é conduzido através de linha extremamente simples. acção sanguinária, dialogo, acção sanguinária, dialogo acção sanguinária e por ai adiante. Tarantino não falha nestes dois conceitos e a obra bélica toma contornos de outra grande masterpiece.

Já conhecido por trazer para as grandes películas actores desconhecidos do grande público ou estrelas em declínio o sentido de casting apurado de Tarantino não se perdeu. o filme é recheado de boas representações e a singularidade de cada um dos Basterds é única embora duas ou três das personagens fiquem por explorar. Brad Pitt embora não tenha sido o mais destacado dentro do filme e o que mais me meteu confusão pois sinceramente não sabia se se iria sair tao bem num filme Tarantino. tem um desempenho espectacular. as particularidades nos diálogos e o tom de humor negro que dá á sua personagem é um must e consequentemente faz-nos rir do principio ao fim. Contudo a estrela do filme é mesmo Cristhopher Waltz com uma personagem de literalmente partir o coco a rir, um desempenho estrondoso para um homem que só fez programas de televisão na Alemanha e um sério candidato aos próximos oscars. Outras estrelas brilharam e encantaram, Diane Kruger, Melanie Laurent e uma breve aparição de Mike Mayers rematam a história sobriamente

O argumento é tambem ele Tarantino e sinceramente não quero ser spoiler por isso o próximo paragrafo será curto. o que posso dizer é que existem milhões de referencias do realizador neste filme, os diálogos mantem-nos atentos ao desenrolar da história só por si incomum e Tarantino consegue dar um novo fôlego a um género cada vez mais banalizado por clichés. Inglorious Basterds pode não ser a masterpiece de Tarantino mas a verdade é que está bem perto dela.

Vale o bilhete ( mesmo se o sacana do bilhete custasse o inglorioso preço de 20 euros )

You see, we're in the business of killin' Nazis, and boy, business is boomin'

7 de julho de 2009

The Hangover - A Ressaca


Ano: 2009

Realização: Todd Phillips

Argumento: Jon Lucas, Scott Moore

A comédia é um género complicado de se fazer, sobretudo no cinema. Prova disso mesmo é haver gente que não gosta de ver comédias, por desiludir a expectativa de o filme fazer alguém rir. Com efeito, o selo do género de comédia com que se publicita um filme estraga muitas vezes o espontâneo sentido de humor, que em muitos casos apenas acaba por surgir um pouco por piedade ao esforço empreendido pelos escritores, protagonistas ou realizadores.

Apesar disso, gosto de pensar que ainda existe boa comédia e sou capaz de dar muitas vezes o benefício da dúvida. Mas, verdade seja dita, há muita porcaria que se vende por aí com o nome de comédia. O que é algo triste, seja por estragar o legado de nomes anteriormente ligados ao humor de grande qualidade (duas palavras: Eddie Murphy) ou então por não mostrar absolutamente nenhuma gota de originalidade, talento ou humor (até hoje, não conheço ninguém que tenha visto os filmes “Epic Movie” ou “Uns Espartanos do Pior” e que tenha gostado).

A comédia pode, essencialmente, distinguir-se em dois tipos: a chamada comédia “non-sense”, presente em grande maioria dos sketches de várias troupes (Monty Python, Gato Fedorento, Big Train, etc) e a comédia mais realista, aquela que, sem recorrer à grandes quantidades de palermice, consegue ir buscar situações credíveis (mesmo que exageradas) ao quotidiano social. Séries de TV como “Seinfeld”, “O Escritório” ou “Coupling” são excelentes exemplos deste tipo de humor e a eles se junta o filme “A Ressaca”.

A premissa é bastante simples: um grupo de amigos, numa de lançar uma festa de despedida de solteiro a um deles que está prestes a dar o nó (na garganta), decide ir a Las Vegas e, após uma noite de copos e festa, acordam sem memória do que aconteceu na dita noite, deparando-se com o desaparecimento do amigo que em dias se irá casar. É então uma corrida contra o tempo em que os três ressacados procuram descobrir o que lhes aconteceu na noite perdida e, consequentemente, o noivo. Improvável? Não, nem por isso. Credível? Sim, bastante. Familiar? Quem sabe…

A maior-valia do filme é, sem sombra de dúvida, o argumento, o que é bastante surpreendente, considerando os trabalhos anteriores dos escritores. Não só está a trama geral muito bem construída e desenvolvida, sem quaisquer falhas (um grande feito, tendo em conta a grande quantidade de pormenores que possui), e com um tom imprevisível que caracteriza os eventos e personagens que vão surgindo a bom passo, como também os diálogos estão muito bem conseguidos, dando a cada personagem uma voz distinta e, como resultado, uma personalidade cativante. O realismo e espontaneidade das conversas entre as personagens estão muito bem conseguidos e tal evita que o humor se torne forçado. O filme não tenta ter piada, pura e simplesmente a tem e revela-a sem pressas. Tal é muito raro num argumento de comédia e, por isso mesmo, igualmente louvável.

Mas a verdade é que um argumento com piada, mesmo que seja muito bom, não é o suficiente para se conseguir uma comédia de qualidade. Para isso, é igualmente necessário um grupo de actores escolhido cuidadosa e correctamente. Ora, é exactamente esse o elenco que “A Ressaca” possui, um grupo genial de actores (ao qual não se faria nenhuma alteração), que não só dão vida às personagens e piada ao filme, mas também protagonizam na perfeição momentos de comédia física (feito nada fácil, acrescente-se), homenageando os tempos de Charlie Chaplin ou Buster Keaton, em que o humor pastelão era comum nas salas de cinema

A começar pelo trio principal (Ed Helms, Bradley Cooper e Zach Galifianakis), que mostram uma excelente química de humor entre eles e cujos entendimentos e discórdias fornecem o centro do filme. Já tinha saudades dos tempos em que Helms participava no “The Daily Show” e aqui o comediante regressa em grande forma à ribalta. E Galifianakis é um verdadeiro achado, pois consegue pegar talvez no mais caricato dos protagonistas e acrescentar uma dose extra de invulgaridade que capta a atenção de qualquer pessoa. Por sua vez Bradley Cooper, talvez o elemento menos marcante do trio, tem um papel essencial para a dinâmica do grupo e sem ele o filme estaria incompleto.

Igualmente, o elenco secundário recomenda-se vivamente. Não se cai no cliché dos personagens secundários que aparecem apenas por aparecer (a presença de Mike Tyson prova isso mesmo), assim como ninguém tenta ganhar destaques ao chamar a atenção (excepção será talvez o actor Ken Jeong, mas a personagem que ele interpreta tem um pouco esse propósito). Cada personagem tem o seu momento de brilhar e não se atropelam uns aos outros, nem mesmo nas cenas mais complexas.

Quanto à realização, esta é claramente o trunfo menor do filme, se bem que não totalmente desprovida de méritos. Todd Phillips adopta um estilo narrativo claro e conciso, tendo consciência de que a trama em geral é o mais importante e, assim, favorece muito o filme. O realizador aproveita algumas cenas para prestar homenagem a grandes clássicos do cinema contemporâneo (sendo “Rain Man – Encontro de Irmãos” o exemplo mais flagrante) assim como para ressuscitar clássicos da música dos anos 80 (a inclusão da canção “In the Air Tonight” de Phil Collins está fantástica). Por último, de destacar os créditos finais, bastante invulgares, mas que assentam perfeitamente no ambiente humorístico do filme, sendo o resultado uma conclusão mais que adequada.

De facto, o fime é uma das grandes surpresas do ano, se bem que o trailer já prometia (mas muitas vezes os trailers também enganam…). Temi o pior, que fosse uma cópia de carbono de filmes como “Meu, Onde Está o Carro?” em que a paródia ocupa o lugar principal, não deixando espaço para a história. Felizmente, tal não é o caso em “A Ressaca”, um filme de comédia com bastante piada e uma história com pés e cabeça, cujo maior feito é apresentar-nos um grupo de amigos que gostaríamos de rever em breve. Tendo isso em conta, a boa notícia é que uma sequela já foi anunciada. Pessoalmente, espero que a equipa a cargo dessa continuação faça justiça à qualidade deste filme.

4 de julho de 2009

Synecdoche, New York


Ano: 2008

Realização: Charlie Kaufman

Argumento: Charlie Kaufman

Nos dias de hoje, o cinema é movido pela escrita. Tal facto provou-se recentemente, quando o mundo do entretenimento se mostrou frágil perante uma mediática greve dos argumentistas. Com efeito, cada projecto cinematográfico tem na sua base uma série de argumentos escritos e rescritos. Porém, de entre a multidão de escritores que existe na criação cinemática, poucos são verdadeiros autores, aqueles que mostram uma voz própria e não se colam aos estereótipos populares, como adaptações de obras e biografias, remakes e sequelas de franchises já exploradas. Charlie Kaufman é um deles.

Desde o filme “O Despertar da Mente” (na minha opinião um exemplo da perfeição que um argumento de um filme pode alcançar) que estava ansioso por ver que novos trabalhos sairiam da mente do argumentista. Com efeito, de todos os filmes que contam com o nome de Kaufman nos créditos, posso dizer que nunca me desiludi com o resultado final. Este novo “Synecdoche, New York” não é excepção. Como em todo os seus trabalhos, Kaufman aborda aqui uma temática bastante criativa e interessante, uma nova perspectiva sobre a mentalidade humana e a sua relação recíproca com a arte.

A história centra-se no dramaturgo Caden Cotard que, após uma produção teatral de sucesso, procura levar o seu trabalho a uma dimensão mais épica e honesta, com o objectivo de capturar o íntimo do quotidiano e transpô-lo para o palco. Assim, decide reunir um elenco num armazém em Nova Iorque com o objectivo de recriar, à escala real, a cidade americana. Porém, à medida que o projecto se vai desenvolvendo, Caden vai-se apercebendo que, embora a sua intenção fosse criar algo único e original, o seu projecto não passa de uma réplica glorificada com a pretensão de criatividade.

O comentário aos ideais de criatividade e originalidade presentes na arte de hoje permeia todo o filme, sendo este, simultaneamente, um excelente manifesto artístico. Esta é uma história muito bem escrita que, possuindo uma densidade complexa, está recheada de pormenores fantásticos, desde o nome do protagonista referir um distúrbio psicológico que o caracteriza até à casa em chamas. É um argumento inteligente, que desafia até o espectador mais literato, pois não se perde nas palavras, mas através dela, alcança algo maior, uma ambiguidade interpretativa que fica connosco e nos obriga a pensar no filme, mesmo depois de este terminar.

Infelizmente, se o filme de facto não se perde no argumento, perde-se na realização. Kaufman, que aqui se estreia no cargo da realização, acaba então por ser em simultâneo o melhor (graças à sua escrita, única e diferente) e o pior (devido à falta de experiência por detrás da câmara) do filme. Não que o filme esteja mal realizado, a realização é competente q.b. ao narrar a história, mas Kaufman adopta um estilo parado que não cativa as audiências, tornando, por vezes, um filme que devia ser inspirador e vibrante, em algo moroso e chato. Ou seja, a exprimir as suas ideias em papel, ele é genial, mas passá-las para o grande ecrã (uma tarefa bastante árdua, diga-se de passagem…) ainda faltam bastantes degraus até chegar a uma genialidade equivalente à da sua escrita.

Igualmente, apesar de o filme conter um elenco muito talentoso, Kaufman não explora os actores da melhor maneira. O que vale é o facto de, quanto à interpretação, o filme basicamente assenta-se nos ombros de Phillip Seymour Hoffman, actor de grande calibre que aqui não desilude e pode juntar a sua participação neste filme a um curriculum já notável. Igualmente Smantha Morton e Catherine Keener encontram-se bem, se bem por vezes mostrem um pequeno desconforto com as suas personagens, revelando-se uma dinâmica interessante mas não muito cativante. Eis aqui um exemplo da falta de experiência na realização da parte de Kaufman que prejudica o filme. É de se ponderar como resultaria o filme se fosse realizado com uma inovação aliciante de Spike Jones ou com uma simplicidade mágica e sonhadora de Michel Gondry.

Esta divergência entre 'Kaufman, o escritor' e 'Kaufman, o realizador' acaba por estragar o filme (ironicamente, esta dicotomia lembra-me do filme “Inadaptado”, cujo argumento é também da sua autoria…). Apesar de tudo, “Synecdoche, New York” é bastante recomendável pela história, sendo este o filme mais bem escrito que vi este ano. Porém, a barreira morosa e pretensiosa que rodeia a realização do filme torna-o pouco acessível ao espectador casual.

18 de junho de 2009

Cashback

cashback Cashback é essencialmente um drama com mistos de comédia e romance. O filme de Sean Ellis, surpreende essencialmente pela narrativa, pela honestidade e pelo grande desempenho dos actores. O que mais impressionou em Cashback foram certas situações do quotidiano que, quer queiramos quer não aconteceram na vida de todas as pessoas.

Cashback surpreende em termos de realização, Sean Ellis, apresenta um misto de vários tipos de realização desde o “slow motion” até ao “frozen shot”, ambos muito bem enquadrados no filme, a realização dinâmica, também não foi deixada de fora, especialmente nas situações que mais exigiam, os flashbacks são constantes mas não perturbam a linha condutora do filme e melhor que tudo permitem aos espectadores saberem um pouco mais da história das personagens, principalmente a de Sean Biggerstaff, personagem essa que a meu ver tem muito a ver com Sean Ellis. Provavelmente talvez seja isso que Cashback é, um filme para o “umbigo” de Sean Ellis. Um pouco como “The Weather Man” de Steve Conrad, Cashback é essencialmente filme de autor, embora a realização não seja de originalidades tão fascinantes como outros autores. Outro brilhantismo do filme é a banda sonora, The Peaches, The Concretes e The Evil Nine marcam a passos largos as situações que dominam o filme, toda a banda sonora fantasticamente está bem enquadrada,

Sendo um filme britânico, o filme conta com actores britânicos, a personagem de Ben Willis interpretada brilhantemente por Sean Biggerstaff é sem duvida um dos musts do filme, embora não seja o mais cotado dos actores, possivelmente será a interpretação da sua vida. Emilia Fox pelo contrário já é das mais destacadas no circulo britânico de actores contado já com outras presenças em filmes internacionais, tem uma interpretação solida, evolvente, e uma personagem com uma personalidade capaz de dar cabo de toda a frieza masculina. Os actores secundários são essencialmente desconhecidos, mas o desempenho do colectivo é superior á média.

Quanto ao argumento, este também a cabo de Sean Ellis é como disse e pelo que me parece, um conjunto de peripécias vividas pelo realizador e escritor na sua adolescência, peripécias essas que estranhamente assumem em Cashback uma formula mais filosófica, algo que a meu ver é espectacular pois todos nós vivemos a nossa adolescência da maneira que queríamos e só agora com idade mais tenra conseguimos retirar todas as ideologias e filosofias a elas inerentes. é ponto a favor para o realizador e argumentista. Contudo o ponto mais fraco do filme reside também no argumento, embora os diálogos sejam convincentes e cada um deles dotados de uma mística especial, existem diálogos pouco convincentes, que roçam a filosofia barata. Algo que poderia ter sido atirado directamente para as cenas cortadas do DVD, mas que constam na película principal.

Vale o bilhete (é um filme extremamente interessante)

Sean Biggerstaff: “Being Swedish, the walk from the bathroom to her room didn't need to be a modest one.”

17 de junho de 2009

Terminator: Salvation - Exterminador Implacável: A Salvação


Ano: 2009

Realização: McG

Argumento: John D. Brancato, Michael Ferris


Como o Diogo referiu, há uns tempos, na crítica ao terceiro filme da saga do Terminator (“Ascensão das Máquinas”, de 2003), apesar de este ter sido um filme de acção aceitável, com uma realização bastante capaz, o argumento deixou muito a desejar, sobretudo por não avançar com a história, colando-se muito ao ambiente dos dois primeiros filmes, calcanhar de Aquiles igualmente evidente na série de TV (“Sarah Connor Chronicles”, entretanto cancelada…). O que os fãs da saga queriam ver era o que o próprio Cameron uma vez pensou em fazer se eventualmente tivesse realizado um terceiro filme: a guerra entre as máquinas e a humanidade, num futuro pós-apocalíptico.

Porém, como já se apontava no final do último filme (ponto redentor mas também frustrante), se bem que Cameron não estava disposto a avançar com a história, havia quem estava. Com efeito, em “Exterminador Implacável: A Salvação” podemos ver finalmente os eventos profetizados nos filmes anteriores. Os argumentistas decidiram dar início a uma nova história, igualmente sequela e prequela dos filmes anteriores, que contaria como John Connor e Kyle Reese se conheceram e se tornaram companheiros de armas até ao ponto em que Connor decide enviar Reese ao passado.

O filme passa-se em 2018, num cenário onde a guerra entre a humanidade e o sistema computorizado Skynet começa a entrar em ponto de ebulição, com John Connor (Christian Bale) a começar a distinguir-se como lenda de guerra enquanto, por seu lado, as máquinas começam a desenvolver o modelo T-800. No meio deste conflito surge Marcus Wright (Sam Worthington), que desperta subitamente, sem memória do que aconteceu nos últimos anos. Rapidamente Marcus encontra o jovem Kyle Reese (Anton Yelchin) que se mostra ainda um pouco verde em comparação com a sua aparição no primeiro filme da série.

Para seguir os passos de James Cameron e Jonathan Mostow e apresentar este novo mundo, foi chamado o realizador McG (alcunha de Joseph Mcginty Nichol) e, admitindo que estava um pouco de pé atrás quanto a esta escolha, tendo em conta os seus filmes anteriores (as fitas de acção “Os Anjos de Charlie” e o drama “Universidade Marshall”), o realizador surpreendeu-me pela positiva, ao alterar drasticamente o seu estilo. De facto, McG deixou o cinético e exagerado “pop” que contaminou “Os Anjos de Charlie”, optando por uma imagem mais crua e dinâmica, reminiscente de filmes como “Black Hawk Down–Cercados”, com influência de filmes como “Mad Max” de George Miller e “Nova York 1997” de John Carpenter. O resultado é um visual bombástico e cativante, distinto dos filmes anteriores, mas fiel ao descrito por James Cameron.

O argumento usa a personagem de Marcus Wright como ponto de vista introdutório a este novo mundo pós-apocalíptico e a escolha de Sam Worthington para interpretar este novo protagonista contribui muito para o filme. O actor faz um óptimo papel neste filme, o que me deixa ansioso para ver como resultará a sua colaboração com James Cameron no filme “Avatar” (de facto, foi Cameron que aconselhou Worthington a McG para entrar no filme, o que prova que o realizador continua óptimo a descobrir novos actores). Infelizmente, há um detalhe sobre Marcus que é revelado logo nos trailers, o que é uma pena pois era um aspecto que, trabalhado como surpresa, funcionaria muito melhor no filme.

Embora inicialmente o filme era para dar destaque a Kyle Reese e como este conhece John Connor, com a entrada de Christian Bale para o elenco, foram chamados os argumentistas de renome Paul Haggis (“Crash-Colisão”) e Jonathan Nolan (“Memento” e “Cavaleiro das Trevas”) para retocar o argumento e dar mais tempo de antena à personagem de Connor. A partir disto, resultam elementos da personagem bastante interessantes, como a sua discordância com o seu superior militar (brilhantemente e brevemente interpretado por Michael Ironside) e o facto de nem todos os humanos acreditarem nas profecias de Connor. Esperemos que tais pontos sejam abordados e desenvolvidos numa eventual continuação.

Bale faz uma interpretação aceitável como Connor, se bem que um pouco semelhante à sua interpretação como Batman nos filmes de Christopher Nolan. Igualmente, ao lado dos restantes protagonistas, Connor não se mostra tão cativante, ao contrário de Kyle Reese, o personagem que mais gostei no filme. Anton Yelchin, após ter contribuído para o sucesso de “Star Trek”, aparece aqui em destaque, a prestar homenagem ao trabalho de Michael Biehn no primeiro filme da saga.

A trama do filme é, na sua maioria, louvável, pois, embora quebre o tabu dos filmes anteriores, respeita a mitologia da série, sem sacrificar a acessibilidade do filme. Porém, não está desprovido de falhas por haver momentos em que o filme se torna demasiado confuso, enquanto a simplicidade reinava nos filmes de Cameron (sobretudo no primeiro). Peca também ao apresentar um grande conjunto de personagens supostamente importantes que, no final, por questões de relegar tempo aos protagonistas, têm apenas direito a um punhado de falas no filme.

O filme parece perder um pouco de ritmo, pois enquanto a primeira hora é um perfeito balanço de diálogos e acção, para o final, há momentos em que mostra cansaço. Igualmente, as homenagens aos filmes anteriores estragam certas cenas (a mais flagrante é o uso da expressão popular da série “I’ll be back!”, que se mostra descabida e desnecessária), embora haja outras que não quebram o andamento do filme e integram-se bem na história (a cena em que Marcus ensina a Reese como pegar na espingarda, assim como a origem das cicatrizes de Connor).

Quanto aos efeitos especiais, aspecto crucial em qualquer filme da saga, afirmo com satisfação que não desiludem. De facto, o departamento de efeitos do filme prosseguiu com a tradição, que Cameron implementou nos primeiros filmes, de mostrar algo inovador: o breve aparecimento de Schwarzenegger no filme, por meio de uma máscara digital imposta sobre o corpo do actor Roland Kickinger (que já chegou a interpretar o próprio Schwarzenegger no filme biográfico “See Arnold Run”). Ainda neste campo, o filme é igualmente uma homenagem ao trabalho de Stan Winston (génio de efeitos especiais, responsável pelo visual do Exterminador, assim como de várias outras personagens como Eduardo Mãos de Tesoura e o Predador), que faleceu enquanto trabalhava no filme.

Resumindo e concluindo, “Exterminador Implacável: A Salvação” é um bom filme e uma óptima continuação. Não é uma obra-prima como os filmes originais de James Cameron, mas é um virar de página necessário que não desagradará aos fãs da saga.

Knowing

knowing-poster Knowing é o mais recente filme do realizador Alex Proyas, um misto de filme catástrofe com ficção cientifica. Knowing conta a história de John Koestler e o seu filho Caleb que após a perda da mãe e uma vida em depressão, por coincidência recebem uma carta com uma série de números, primeiramente invulgar descobrem que todos o números correspondem a datas de grandes acidentes ou catástrofes naturais e também das pessoas que perderam a vida nos mesmos.

Alex Proyas, realiza um filme que só por si é invulgar, o misto de géneros envolvidos não ajudam á realização tornando o filme nos últimos 45 minutos aborrecidos, embora haja sem duvida uma boa prestação pelo realizador em shots extremamente dinâmicos, a confusão instalada de acidentes que acontecem oferecem uma visão muito perto da possível realidade (digo possível realidade porque nunca presenciei um). Os efeitos especiais não são uma constante do filme, mas destacam-se pela perfeição, quase o unico ponto a favor do filme

Nicolas Cage está outra vez e como seria de esperar com uma interpretação muito acima da média, coerente, bem dirigido e com o trabalho de casa feito, consegue dar novamente a uma personagem superficial uma profundidade latente, e por isso está de parabéns. outras estrelas se destacaram no filme, principalmente os mais novos, Chandler Canterbury e Lara Robinson, actores de palmo e meio que embora não tenham tido uma personagem que os fizesses suar, safaram-se bem e estão por isso de parabéns.

O argumento a cargo de Ryne Pearson, relutantemente é mau, o misto dos géneros achincalha cada um deles em separado. Os diálogos são razoáveis, mas as situações envolventes são cliches (enormes). A relação pai filho, apresenta uma mística semelhante a todos os outros filmes drama que já foram produzidos e as punch lines são mais que muitas e aborrecem quem já viu mais do mesmo. O filme apresenta também uma mensagem latente embora mal explorada e embora o final do filme mostre um questão que poderá sem dúvida dar que pensar, o tema acaba por sair rebuscado e assumir contornos de fantasia.

Não vale o bilhete (com muita pena minha)

15 de junho de 2009

Stir Of Echoes

stir_of_echoes_ver2 Vi recentemente “Stir Of Echoes”, um thriller/suspense/terror do realizador David Koepp que conta com Kevin Bacon no principal papel, (custou-me 1,50€ na BOX) e sinceramente acho que valia a pena nem que fosse para apanhar pó nas prateleiras lá de casa.

Primeiro as coisas boas, Stir Of Echoes surpreendeu em termos de realização, embora a surpresa não fosse continua, fiquei extremamente contente como certas cenas foram filmadas, principalmente a cena de hipnose que a meu ver foi das mais bem e melhores filmadas que vi até agora, uma mistura de filmes de stephen king e episódios da 5th Dimension, extremamente interessante e com uma fotografia esbaçada que tenta revelar o que vai pelas mentes das pessoas aquando a hipnose. Sem duvida um ponto a favor do realizador. Posteriormente no filme a realização torna-se básica sem que no entanto perca certos toques de originalidade do realizador. David Koepp esteve sinceramente bem.

Os actores são bem conhecidos, Kevin Bacon no papel de Tom Witzky, tem um desempenho muito acima daquilo que está habituado. desempenha bem um homem dos subúrbios com uma vida normal e monótona que de repente se vê envolvido numa sessão de hipnose que lhe “desbloqueia” uma parte no cérebro que lhe permite ver o passado e o futuro.

A verdade é que provavelmente foi Stir Of Echoes que lançou a série “Whisperer”, o conceito é igual e o objectivo é o mesmo, mas o filme deve ser mesmo o the real deal do conceito. Embora seja uma história básica com muitos plot twists envolvidos, a narrativa deixa a desejar, estranhamente ou vemos diálogos extremamente envolventes como diálogos medíocres acompanhados de falhas de interpretação dos actores. Algo que me custou muito a entender.

Vale meio-bilhete (a sessão de hipnose é um ponto a favor e ainda deu para desligar um bocado da vida quotidiana)

4 de junho de 2009

Crank: High Voltage


Ano: 2009


Realização: Mark Neveldine, Brian Taylor

Argumento: Mark Neveldine, Brian Taylor


Um dos filmes mais exagerados que vi até hoje.

Mas também dos mais divertidos.

Há uns anos atrás, devido a várias recomendações (lembro-me de uma que consistia na seguinte descrição: ‘É tipo o filme “Speed”, mas com uma pessoa em vez de um autocarro!’), vi o filme “Crank” e fiquei bastante impressionado. De facto, notavam-se alguns traços de amadorismo na realização e o argumento ia para além do descabido, mas era um excelente exemplo de “acção sem limites” (expressão muitas vezes usada e abusada na promoção de filmes) e, acima de tudo, era divertido.

Com isto, esperava com alguma ansiedade a sequela, intitulada “Crank: High Voltage”. O filme volta a ter Jason Statham (na minha opinião, o rei dos filmes de acção nos dias que correm) na pele de Chev Chelios, um assassino profissional que, no seguimento dos eventos do filme anterior, é dado como morto e raptado pela máfia chinesa, que decide roubar o seu coração (falo do órgão em si…isto não é um romance lamechas nem nada que se pareça!), substituindo-o com um coração artificial, que funciona com energia eléctrica. Chelios tem então agora de recuperar o seu coração roubado, tendo de alimentar o artificial que possui com electricidade de modo a poder sobreviver.

Se já pode achar esta premissa bastante ridícula, a verdade é apenas o ponto de partida para um argumento que vai desafiando os níveis de credibilidade (e imaginação) a cada momento que passa. Igualmente, é um argumento sem tabus, onde temas como homossexualidade, racismo, perturbações mentais, indecências públicas são explorados e ridicularizados, misturando-se a isto uma grande exposição de acção violenta, sexo, humor porco e ‘gore’ (leia-se ´tripas e sangue'…digo apenas que qualquer filme da série “Saw” ou “Hostel” parece um filme infantil ao lado deste). Ou seja, “Crank High Voltage” não é para todos, sobretudo para aqueles que abominam filmes bastante pesados!

A realização (assim como a história) é frenética, pegando muito no elemento de homenagear vídeo-jogos (visualmente o filme pega em muitas imagens e ideias de jogos como GTA e Streets of Rage), como no primeiro. Porém, se no filme anterior ainda se notavam elementos de uma realização amadora e apressada, nesta sequela, os realizadores melhoraram bastante em termos de realização, sendo o resultado um filme mais estilizado, com um bom ritmo, mesmo apesar da natureza caótica que o caracteriza. Este é um filme que alguém vê até ao fim, mesmo que esteja a cair de sono.

Quanto ao elenco, para um filme destes, como já devem ter apercebido, não é necessário um grande actor e sim uma grande estrela de acção. Statham é dos poucos actores a quem este filme assenta que nem uma luva e é óptimo ver que pelo menos uma das franchises em que participa tem uma continuação digna do original (ao contrário de “Transporter - Correio de Risco”, que teve sequelas de nível mediano na melhor das hipóteses…). Na sequela também regressa Amy Smart como a namorada de Chelios, Dwight Yoakam como o médico duvidoso que auxilia o herói e Efren Ramirez num novo papel (grande melhoria em relação à sua participação no filme anterior) que é chave nas cenas mais hilariantes do filme.

Como convidados especiais temos, além do actor Glenn Howerton da série de comédia “Nunca Chove em Filadélfia” e do cantor Chester Bennington da banda Linkin Park (que também participaram no filme anterior), a ex-Spice Girl Geri Halliwell (num papel perfeito para ela), o actor dos anos 80 Corey Haim, o cantor Maynard James Keenan (das bandas Tool e A Perfect Circle) e o actor de culto David Carradine (*), aqui quase irreconhecível. São todos papéis pequenos, mas memoráveis, sem os quais o filme pareceria incompleto.

Quanto à banda-sonora, o filme dá igualmente um grande salto de qualidade. Enquanto se ressuscitaram velhos clássicos (dou destaque à balada rock “Keep On Loving You” da banda REO Speedwagon), a música original do filme esteve a cargo de Mike Patton (vocalista de várias bandas como Faith No More, Mr. Bungle e Fântomas), que fez um trabalho fantástico. De facto, a banda-sonora do filme é algo invulgar, mas cativante e adequada ao filme (para dar uma descrição sucinta, parece algo que o compositor Ennio Morricone faria se seguisse o estilo punk-metal).

Se viram o primeiro filme e gostaram, sem dúvida vão adorar a sequela. Cai um pouco nos erros comuns das continuações cinemáticas (repete algumas das cenas do primeiro filme, assim como tem momentos nada acessíveis na trama dada à sua forte ligação com a história do filme anterior), mas é um óptimo seguimento na medida em que se desenvolve num crescendo constante até chegar a um clímax explosivo e impressionante. Apesar de já se poder dar a história como concluída, espero seriamente que haja mais um filme da série, nem que seja para satisfazer a curiosidade de saber o que se pode pegar a partir do final!

Numa nota final, “Crank: High Voltage” é um filme extremo que, certamente, nunca ganhará qualquer prémio e não recomendaria a todos (de facto, a grande parte das pessoas que conheço penso que não agradará ou não será apelativo). É um filme exagerado, descabido, caótico, etc, mas é, a meu ver, igualmente um desafio artístico. Uma peça criativa de anarquia e caos total, que revela e desperta o espírito traquinas e rebelde que existe dentro de cada pessoa. A irreverência, por vezes, também pode ser uma arte e este filme é prova absoluta disto.

(*) Agora quando estava a publicar o texto, reparei na notícia da morte do actor David Carradine... É realmente uma grande perda para o cinema de culto!

O cinema chora hoje.

039_44363 Morreu o actor David Carradine

O actor David Carradine, estrela da série televisiva dos anos 1970 «Kung Fu», foi encontrado morto em Banguecoque, informou hoje um porta-voz da embaixada norte-americana.

A morte do actor, 72 anos, foi confirmada pelo porta-voz da embaixada norte-americana que acrescentou que David Carradine terá morrido na quarta- feira à noite ou hoje de madrugada.

O sítio da Internet do jornal tailandês The Nation cita fontes não identificadas da polícia e noticia que o actor foi encontrado enforcado no seu luxuoso quarto de hotel, pelo que a hipótese de suicídio não está fora de questão.DavidCarradine

Segundo a agência de notícias espanhola EFE, citando a ABC, o actor terá morrido de causas naturais.

David Carradine fazia parte de uma família famosa de actores de Hollywood que incluía o seu pais, o actor John Carradine, e o irmão Keith Carradine.

David Carradine integrou o elenco de mais de 100 filmes realizados por nomes como Martin Scorsese, Ingmar Bergman e Hal Ashby.

David_Carradine_Polanski_UnauthorizedFoi porém a sua personagem de Kwai Chang Caine, um monge shaolin que atravessava a fronteira oeste dos Estados Unidos em 1800, na série televisiva "Kung Fu" que o tornou famoso entre 1972 e 1975.

Ele retomou esta personagem em meados dos anos 1980 num filme de TV e nos anos 1990 na série "Kung Fu: a lenda continua".

David Carradine voltou ao top mais recentemente quando interpretou Bill, no filme "Kill Bill" de Quentin Tarantino.

David Carradine, que nasceu a 08 de Dezembro de 1936 em Hollywood (Califórnia), tinha ainda um meio irmão, Robert Carradine.

Fonte: Diário Digital/Lusa

3 de junho de 2009

Paths of Glory - Horizontes de Glória


Ano: 1957


Realização: Stanley Kubrick


Argumento: Stanley Kubrick, Jim Thompson, Calder Willingham


Este é, muito possivelmente, um dos filmes mais importantes da história do cinema. Não só pela relevância do tema que aborda (e que gerou bastante controvérsia nos anos seguintes à sua estreia) mas também por ser o primeiro filme de Stanley Kubrick em que este se afirmou como um realizador invulgar e vanguardista. De facto, após ter criado um culto em volta dos seus filmes caracteristicamente noir (“Killer’s Kiss” e “The Killing"), o realizador decidiu enveredar por campos novos, decidindo adaptar ao cinema um dos livros que mais o marcou na sua juventude: o romance “Paths of Glory”, da autoria de Humphrey Cobb, onde permeia a mensagem de que nenhuma guerra dignifica os homens, apenas destrói os valores moralistas da sociedade humana.

O filme passa-se nos tempos da 1ª Grande Guerra e narra a história de um grupo de soldados franceses que, erradamente acusados de deserção, foram injustamente condenados e executados. Em pleno confronto com a Alemanha, um general francês decide lançar as suas tropas num ataque suicida e, quando tal ataque prova ser um fracasso, decide executar três soldados, de modo a disciplinar as suas tropas. Por sua, um coronel (Kirk Douglas), apercebendo-se da inocência dos homens e discordando do método disciplinar por ser demasiado extremista, decide defender os soldados, por meio de um julgamento militar.

O filme foi bastante censurado, sobretudo em França (onde só foi exibido vinte anos depois..), devido à má imagem que transparece dos oficiais militares franceses. Mas a verdade é que o objectivo de Kubrick aqui foi criticar como são muitas vezes os homens comuns (neste caso os soldados) que acabam sempre por levar com as culpas e pagar o preço dos erros das classes hierárquicas superiores. Tal discriminação não se circunscreve, de facto, às forças militar de um país em específico como a França (note-se o caso recente da Prisão de Guantánamo, por exemplo..) e Kubrick conseguiu ir mais além da crítica mordaz anti-guerra que caracteriza o livro em que se baseou. Este exercício de crítica social continuaria a sentir-se nos seus filmes posteriores, mais notoriamente em “Dr. Estranho Amor” (se bem que, neste filme, num tom mais satírico).

Abordando uma temática mais estética, é de se admirar o desenvolvimento da técnica de realização de Kubrick, que já dá aqui frutos de um perfeccionismo visual (destaco as passagens descritivas das trincheiras, assim como toda a sequência do julgamento militar e a da última caminhada dos condenados). Apesar de ser um filme a preto e branco (o que é pena, pois, como mais tarde se pode comprovar, Kubrick era mestre em jogar com as cores), o filme tem bastantes pormenores que cativam a atenção de qualquer um. Fãs da filmografia posterior de Kubrick sem dúvida acharão interessante ver neste filme as bases de um estilo visual que, mais tarde, se tornou muito próprio do realizador.

O filme também tem grande força no elenco fantástico, encabeçado por Kirk Douglas (que, mais tarde, voltou a reunir-se com Kubrick ao protagonizar o épico “Spartacus”). Todos os actores interpretam na perfeição os personagens, sejam eles maquiavélicos ou inocentes, é impossível ficar indiferente a qualquer um deles, o que vale ao filme um grande cariz humano. Grande aplauso vai sem dúvida a Ralph Meeker, que interpreta um dos soldados acusados. Inicialmente não se dá grande atenção à sua personagem, mas para o final do filme, tem um grande momento, subtil mas igualmente brilhante.

Apesar de não ter a rebeldia inovadora que mais tarde contaminou filmes como o já citado “Dr. Estranho Amor”, “Laranja Mecânica” ou “Shining”, em “Horizontes de Glória” é possível ver os primórdios dessa energia criativa de Kubrick, que tão importante foi para o cinema contemporâneo. Filme muito recomendável, pois apesar de já mostrar um pouco a sua idade, a crítica social que o permeia torna-o intemporal, não deixando de ser relevante nos tempos que correm.

28 de maio de 2009

Casshern

Caiu do céu este "Casshern", filme do género fantástico do realizador Kazuaki Kiriya, Casshern é provavelmente o filme que transpôs melhor a anime japonesa

É difícil definir Casshern em termos de género, a primeira vista parece um Matrix meets Mutant Chronicles. O realizador soube o que fazia. Filmagens dinâmicas, adaptadas a cada situação e um acompanhamento musical muito a base de ópera contemporânea remixada, não metem o filme por terra mas também não fazem dele uma obra-prima. Apresenta uma fotografia espectacular, uma história incomum e personagens estranhamente bem delineadas. Casshern pode não ser uma delícia para os olhos de alguns espectadores, mas tenho de afirmar que este filme causou-me alguma empatia principalmente pela montagem e pela belíssima fotografia.

Os actores presentes destacam-se razoavelmente bem. Cada um na sua personagem e cada um com a sua história para contar, infelizmente e a meu ver houve certas personagens que independentemente de ser um filme fantástico seriam merecedoras de uma maior credibilidade, algo que o realizador se acabou por esquecer, é certo que as animes japonesas tem tendência para engrossar não só os poderes das personagens como também a sua personalidade, o que acontece em Casshern é que certas personagens seguiram tão em linha as personalidades da anime original que por pouco não meteram a credibilidade do filme em causa, possivelmente tornando-o obsoleto ou quem sabe estúpido.

O argumento é incomum, baseado é certo numa anime japonesa, onde a originalidade pode assumir horizontes mais amplos do que filmes ditos "reais", Casshern saca neste campo uma nota extremamente positiva. a adaptação da anime para filme não foi obstáculo para os efeitos especiais presentes, o argumento mantém toda a sua consistência como na anime e até por vezes a inclui em certos trechos do filme.

Vale o bilhete (é um banquete visualmente extraordinário)

27 de maio de 2009

Star Trek

Ano: 2009

Realização: J.J. Abrams

Argumento: Roberto Orci, Alex Kurtzman


Apesar de gostar bastante de ficção científica, devo admitir que nunca fui um Trekkie (leia-se fanático de “Star Trek - Caminho das Estrelas”). Quando era pequeno, achava mesmo um pouco chato (sobretudo em comparação com a saga de “Star Wars”) e só mais tarde, devido a repetições na TV, apanhei alguns episódios da série original e achei mais piada. Quanto aos filmes é a mesma coisa: dos 10 (!!!) filmes que existem, só vi 3 e meio (adormeci a meio de um deles…). O facto é que, com respeito por quem gosta da série, não acho tão apelante quanto outras séries do género, como “Star Wars”, “Firefly” ou “Battlestar Galactica”. Igualmente, quando foi anunciado que J.J. Abrams iria realizar o novo filme da série, fiquei um pouco intrigado, mas indiferente. De todos os seus trabalhos, o único que adoro é a série “Lost”, possivelmente onde ele esteve menos envolvido (ironicamente, é também o mais popular).

Abrams então anuncia que, à semelhança do que se fez com “Batman Begins” e “Casino Royale”, quer começar a franchise do ponto zero. Aqui, a óptima decisão da equipa criativa de apresentar este como o filme de origem da tripulação da Enterprise é o ponto vencedor, pois no final o filme resulta por ser uma fonte de entretenimento acessível a qualquer um, mesmo a quem nunca viu nada de Star Trek (se bem que é difícil, tendo em conta a quantidade de séries de TV, filmes, livros, etc que andam por aí..).

O filme, porém, não aliena a legião de fãs existente, pois encontra-se recheado de pequenos momentos que prestam homenagem a características das séries e filmes anteriores. Eu reconheci pelo menos três (o do redshirt ganha destaque…), mas já me apontaram muitos mais entretanto. Qualquer outro filme tentaria forçar uma tal homenagem no meio do filme, mas em “Star Trek” parece tudo bastante fluente. Não há nenhum momento em que o filme pare para mandar uma piscadela de olho aos fãs da série.

De facto, é raro o filme parar de todo. Apesar de ter duas horas de duração, passa a voar. A realização de Abrams deixa no ar um tom algo frenético (no bom sentido), com um timing nunca aborrecido, em que quando não há acção, sempre há um ou outro momento de sensibilidade ou bom humor. Alia-se a isto visuais espantosos, alguns deles fortemente inspirados em “Star Wars” (não há surpresa, visto que a Industrial Light and Magic é um das empresas responsáveis pelos efeitos), o que faz sentido, pois Abrams afirma ser grande fã da saga de George Lucas e teve como objectivo injectar um pouco do divertimento e emoção dessa série no universo de Star Trek.

De facto, a franchise mostra-se aqui de cara lavada, com muito mais acção, adrenalina e humor, em comparação com as séries e filmes anteriores. O que carrega o novo “Star Trek”, no entanto, não são os efeitos e sim o vasto elenco de personagens, já clássicas, que se mostram aqui sob uma nova luz, de modo a que dinâmicas antigas tornam-se empolgantes e cativam o público em geral e não só um grupo restrito. É um filme mais centrado nos personagens e não tanto na ficção científica, em que cada um dos elementos da tripulação é escrito com o maior cuidado, tendo respectivamente o seu tempo de destaque. Tal feito deve-se a um grupo de actores muito bem escolhido, em que cada um consegue prestar homenagem aos personagens da série.

Chris Pine é a surpresa, pois era difícil suceder à interpretação do Capitão Kirk de William Shatner (actor este com um método muito próprio, mas inconfundível, mesmo em tempos recentes, onde brilhou na série “Boston Legal” como Denny Crane), mas Pine, um actor relativamente desconhecido, assim o conseguiu, tendo conseguido captar a essência da personagem de Kirk (a sua bravura, arrogância e cinismo) e interpretá-lo à sua maneira, não imitando os maneirismos de Shatner (onde podia correr o risco de se tornar uma paródia). De se notar que esta nova versão de Kirk difere um pouco da personagem apresentada na série e filmes anteriores, por ter um pouco mais de rebeldia, mas tal diferença é apontada e mesmo explicada no filme, tornando-a mais apelativa.

Zachary Quinto como Spock pareceu-me um pouco estranho no início (talvez de estar habituado a vê-lo na série “Heroes”), mas mais tarde, prova ser sucessor digno de Leonard Nimoy (que também entra no filme, o que realmente ajuda a comparar os dois actores). O mesmo acontece a Anton Yelchin como Chekov, cujo sotaque irrita brevemente quando aparece no ecrã pela primeira vez. Quem não se escapa dessa estranheza é John Cho, se bem que talvez por sempre o ver em papéis de comédia (“Harold and Kumar”, “American Pie”), destacando-se, porém, numa cena de acção muito bem efectuada. Simon Pegg merecia muito mais tempo em frente à câmara, pelo excelente tom comédico que conferiu ao filme. Zoe Saldana está muito bem como Uhura, sendo possivelmente a primeira vez que vejo a personagem a ter tanto protagonismo.

Mas o destaque pessoal vai para Karl Urban como Dr. ‘Bones’ McCoy. O actor surpreendentemente interpreta o papel na perfeição, roubando cada cena em que aparece (bastante estranho, visto ser um personagem secundário).

Claro que nem tudo é perfeito no filme. O antagonista Nero (interpretado por Eric Bana, um óptimo actor aqui muito mal aproveitado) deixa muito a desejar como personagem, tornando-se uma desculpa para inserir frases genéricas de vilão. O argumento tem também algumas falhas, mas que tentam passar despercebidas no meio da acção e dos efeitos. Isso é notório sobretudo a meio do filme, numa cena algo parada, que a história é movida em frente por coincidências e acasos que roçam o ridículo em termos de credibilidade (bem sei que, sendo este é um filme de ficção científica, tal argumento possa parecer ironicamente descabido, mas é a minha opinião).

Apesar das falhas, “Star Trek” é um filme bem conseguido, bastante divertido, com um visual estupendo e um elenco cativante que vale a pena ver. Um exemplo do melhor que se pode fazer de um blockbuster de verão, recomendável a todos, mesmo a quem não gosta de filmes de naves espaciais, da mesma maneira que recomenda-se o primeiro “Piratas das Caraíbas” mesmo a quem não goste de filmes de piratas ou de fantasia.

22 de maio de 2009

X-Men Origens: Wolverine


Ano: 2009


Realização: Gavin Hood


Argumento: David Benioff, Skip Woods

Associando-se à moda presente de prequelas e origens, a Marvel decide levar ao grande ecrã as crónicas do passado de alguns dos personagens mais marcantes da série “X-Men”. Óbvio que a primeiro filme centra-se em Wolverine, sem dúvida o personagem mais popular da série. Hugh Jackman regressa ao papel do mutante Logan num filme que revela os mistérios do seu passado: a sua família, o seu esqueleto indestrutível e, por fim, a sua perda de memória que tanto o tormenta nos filmes da trilogia original. O actor revela-se em grande forma, sentindo-se confortável na pele do personagem. Não há surpresa aí, visto que Jackman sempre admitiu grande afecto pela personagem de Wolverine, que lançou a sua carreira

Como de costume, a história do filme não segue fielmente a BD (contam-se pelos dedos de uma mão os casos em que tal acontece), embora pegue em diversos elementos de várias histórias diferentes que se centravam no passado de Wolverine, das quais se destacam “Origem” e “Arma X”. Mas apesar de Wolverine ser o personagem central do filme, não é o único mutante oriundo da BD presente no filme. De facto, os argumentistas (claramente fãs da BD) decidiram aproveitar este novo filme para apresentar ou desenvolver personagens que não tiveram tempo ou oportunidade de brilhar nos filmes anteriores.

O caso mais flagrante é Gambit, personagem que muitos fãs pediram que aparecesse nos filmes anteriores e que tem agora a oportunidade de aparecer no grande ecrã, interpretado por Taylor Kitsch (actor conhecido por entrar na série “Sextas sob Pressão”), que, com uma interpretação subtil mas correcta, faz um trabalho decente que não desilude os fãs da personagem. Pena é realmente não aparecer muito (é o que dá ser relegado para o plano secundário), mas o filme também não se centra nele e sim em Wolverine e no seu arqui-inimigo.

E eis então que falo talvez da maior surpresa do filme: Sabretooth (personagem muito mal aproveitado no primeiro filme de “X-Men”, onde foi interpretado pelo wrestler Tyler Mane). Liev Schreiber interpreta na perfeição um dos maiores vilões da Marvel com uma naturalidade que impressiona e revela-se como um perfeito antagonista para Jackman. Espero que, se a Marvel decidir continuar a fazer prequelas dos X-Men, faça uma do Sabretooth, com Schreiber no papel principal.

Além destes, bastantes mais personagem do universo dos X-Men estreiam-se no grande ecrã (Blob e Deadpool, sendo este último talvez uma das grandes desilusões para mim) enquanto outros regressam (William Stryker, o vilão de X2, Scott “Ciclope” Summers e outros que não quero referir para também não estragar o filme a ninguém) e há mesmo personagens propositadamente criados para o filme (mas que não roubam muito tempo do filme).


"X-Men Origens Wolverine" gerou grande controvérsia por ter aparecido na internet, um mês antes de estrear nas salas de cinema, uma cópia do filme com efeitos especiais inacabados. Depois de ver o filme no cinema, tenho apenas a dizer que estou surpreendido, pois se bem que há cenas em que os efeitos CGI estão bem feitos, há outras absolutamente horríveis, em que os efeitos estão claramente inacabados (mais parecem tiradas de um jogo de Sega Saturn). Realmente não sei o que falhou, pois nos filmes anteriores, os efeitos especiais sempre foram de grande qualidade.

Infelizmente, é igualmente notório o desconforto que o realizador Gavin Hood (que ganhou fama por a sua primeira longa-metragem, "Tsotsi", ter ganho o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2005) tem ao realizar cenas de acção. Há cenas que dolorosamente se nota que o realizador precisa de mais experiência nesse campo e não foi a melhor escolha para realizar o filme.

Por último, talvez o ponto mais crucial: o argumento. Apesar de ser fã das BDs, não acho justo estar a lamentar alterações que por vezes os escritores (ou o realizador) achem necessárias para a versão cinemática. Aceito as diferenças e por vezes até concordo. Exemplo claro disto foi mesmo o primeiro X-Men, que quando saiu, apesar de diferir bastante da BD (tendo um tom mais de ficção científica do que super-heróis), era um bom filme.

Porém neste filme, os argumentistas arriscam muito, na medida em que colocam personagens num tempo diferente ou mesmo as alteram significativamente. Também há algumas falhas no argumento, um pouco por culpa do final aberto do filme. Mas há uma falha indesculpável, nomeadamente no que toca à explicação da razão porque Logan perde a memória. É triste e claramente descabida (ou melhor, “enfiada à última da hora”) a solução que dão a esse mistério, que sem dúvida deixará todos, conheçam a história original da BD ou não, a afirmá-la como “ridícula”.

Valerá a pena ver? Se são fãs dos filmes anteriores ou do papel de Jackman neles, sim, sem dúvida. Não é o melhor filme da saga X-Men (tal lugar pertence ao "X-Men 2") mas também não é o pior. Peca um pouco pelas pequenas falhas (tanto no argumento como nos efeitos especiais), mas já vi a Marvel ligar-se a filmes bastante piores.

21 de maio de 2009

The Children

poster_thechildren Vi recentemente The Children, realizado por Tom Shankland, o que mais gostei neste filme foi um género terror muito próprio advindo do realizador. No entanto The Children propõe algo que ainda é muito difícil que alcançar, um novo género de terror.O terror que tem como fonte principal as crianças, já não é sopa nova, mas ainda entretêm em termos de terror, contudo entendo que o ambiente criado pelo realizador e ao qual o argumento faz referência não é o mais indicado para o tipo de filme em questão.

Tom Shankland apostou num terror intuitivo mas novamente apetrechado de clichés, o que não ajudou na realização, o cenário inóspito e deserto continua a ser o palco para vários filmes de terror e the children não escapou à maioria. A realização é razoável com muito poucas surpresas e a direcção dos actores também, embora também reconheça que não seja fácil dirigir crianças em tenra idade. clichés como o adolescente cheio de problemas e o pai lúdico estão presentes mas a profundidade é algo que escapa ao filme. Os olhos das crianças têm um carácter frio adaptado ao momento mas não convencem.

Os actores destacam-se razoavelmente e cada um à sua maneira, mas não existem interpretações de louvar. houve desempenhos razoáveis durante todo o filme, mas nenhuma situação que capte propriamente o brilhantismo de um sequer.

O argumento de Tom Shankland baseado na história de Paul Andrew Williams também como disse atrás não convence, o uso de crianças para terror continua a ser uma ideia que deve ser explorada, mas os filmes que surgem continuam a não captar a verdadeira essência das mesmas, mas acredito também que a passos largos caminhamos para a pérola neste género.

Não vale o bilhete (podia ser bem melhor e houve cenas que deviam ter sido mais trabalhadas, culpa do realizador que simplesmente a meu ver não se importou, é um fast food de terror)

20 de maio de 2009

Three Extremes 2

1000071 Three Extremes 2 continua a saga do terror oriental em pequenas curtas metragens de tirar o fôlego a qualquer telespectador. Contudo estas 3 curtas apresentadas acabam por desiludir não só em termos de terror que é muito pouco como em termos de realização. Embora como tenha dito anteriormente o terror não ser muito, apresentam pelo menos duas películas histórias extremamente interessantes onde o bom trabalho de realização se notou e o desempenho dos actores também.

Memories (Ji-Woon Kim – The Korean Extreme)

Memories apresenta primeiro de tudo uma fotografia lindíssima tendo como cenário principal um projecto de uma cidade ainda não acabada, com poucos habitantes e onde edifícios novos estão ainda a ser construídos, realmente um cenário diferente do habitual, deveras fascinante e palco de histórias que estão ainda para ser contadas. Memories é também a película que mais terror dispõe das 3 curtas, sustos por vezes fáceis, mas um inicio de nos por com os nervos em franja, não fosse os tons artificialistas que contem, um som gritante aliado a um slashscene milimétrica. Contado com actores razoáveis e com personagens minimamente profundas o filme acaba por sair desilusão no final, que embora não esperado acaba por cair quase nos banais thrillers hollywoodescos. A realização é consistente e embora marcada em passos lentos não desilude.

Vale meio bilhete

The Wheel (Nonzee Nimibutr – The Thailand Extreme)

O cinema tailandês de terror volta a dar cartas pelos piores motivos, Dolls volta a ser uma incursão num género de terror que volta a apostar numa visualização de um género que lhe é muito próprio abordando o folclore tailandês e todos os temas que lhe são inerentes, mas no entanto muito fraco não só a nível de realização como também a nível de direcção de personagens o que acaba por mostrar um produto final débil, mal delineado e com uma história bem aquém do esperado. Se tiverem a opção de fast foward usem-na aqui.

Não vale o bilhete

Going Home (Peter Ho-Sun Chan – The Hong Kong Extreme)

Going Home é uma daquelas curtas que acabaremos sempre por nos lembrar, tem uma história envolvente, muito interessante e onde a realização assenta que nem uma pérola não fosse o realizador por vezes adoptar certos clichés hollywoodescos. seja como for, é para mim a melhor curta destas 3 apresentadas. A direcção das personagens esta extremamente bem feita, tendo como cenário de fundo um condomínio fechado praticamente em ruínas já com poucos habitantes e cada um deles com a sua história. o ambiente tanto passa pela obscuridade como pela nostalgia, o filme aborda também a tão criticada ou mal amada medicina tradicional chinesa. não querendo ser spoiler quanto a esta curta acabarei por aqui a minha critica.

Vale DEFINITIVAMENTE o bilhete

Conclusão:

Vale o bilhete (Embora não sejam tão boas como as primeiras 3 curtas de Three Extremes, “Memories” e “Going Home”, especialmente este último, valem a pena nem que seja para dar uma olhadela a este tipo de cinema muito diferente daquele que estamos acostumados)

Eden Lake

eden_lake_ver2 Eden Lake faz lembrar um While She Was Out, disfarçado, quase um deja vu deste ultimo filme. O filme aborda variados temas, a passividade, a frieza do ser humano e as adversidades que por vezes pessoas banais tem que ultrapassar para sobreviver num ambiente que não é o deles. Eden Lake não surpreende, o filme é inglês e nota-se o cunho britânico durante quase todo o filme, não só pela rudeza das pessoas nele inseridas como também na natureza que circunda o filme.

A realização a cargo de James Watkins não oferece grandes surpresas, ora estanca por completo, ora arranca a uma velocidade quase incompreendida. não que esteja em completo desacordo com o realizador pois as vicissitudes da história assim implicam, mas a verdade é que a realização ainda consegue oferecer algumas surpresas no género do suspense. A mensagem inerente não é nova mas o filme ajuda a transparece-la de uma forma bruta e extremamente fria, quase como se tivesse a gritar “vejam se abrem os olhos”.

Quanto a nível de actores tenho a dizer que conheço pouco deles e do pouco que conheço foi de aparições espontâneas que fizeram noutros filmes e séries britânicas. Não indica contudo que estiveram mal, pelo contrário, todos apresentaram uma consistência muito acima da média e até as jovens estrelas se safaram bastante bem.

O argumento de Eden Lake embora faça parecer muito um While She Was Out meets Deliverance, não está mau de todo. Digo isto porque de facto a mensagem do filme consegue passar para os espectadores de uma maneira bastante concreta, “o Mundo está podre”. Infelizmente para um argumento extremamente frio, a realização acaba por afundar o filme num jogo do rato e do gato, onde o rato tem alguns truques na manga, mas onde o gato sai fortemente vencedor.

Vale meio bilhete (bom estudo sobre o fenómeno “Bullying”, mas levado demasiado ao extremo, mostra uma visão brutal de uma sociedade que está destinada a auto consumir-se pela violência)

Butterfly On The Wheel

Butterfly_On_A_Wheel Mike Barker regressa com este thriller um tanto quanto suave, depois de filmar A Good Woman, o realizador aposta num suspense suave, simples onde a força está essencialmente na direcção das personagens e na história a contar.

A realização a cargo de Mike Barker, não desanima o espectador, as cenas são brilhantemente filmadas, mas para género thriller à que reconhecer que vários ângulos de câmara lançam o filme para o patamar do género acção. penso que uma realização mais lenta e mais sóbria seria bem capaz de resultar, fazendo com que o filme fosse mais cativante, embora mais entediante. o realizador acabou por escolher os shots dinâmicos e transpõe o filme essencialmente para as massas, o que acaba por afundar o filme em “mais um do mesmo” género.

Estrelas conhecidas não faltam em BOTW, temos Pierce Brosnan, Maria Bello e Gerard Butler como personagens principais. Destaque essencial realmente vai para Pierce Brosnan num papel que realmente não é o dele, mas que independentemente de tudo este extremamente bem. Maria Bello continua com uma consistência agradável contudo nesta película continua ainda a dar o corpo ao manifesto, é verdade que não lhe retiro os atributos mas também penso que existe muito aproveitamento por parte dos realizadores em vê-la em posses semi – despidas. quanto a Gerard Butler, também este actor esteve extremamente bem não só a nível das situações impostas pela própria historia a personagem como também ao nível dos sentimentos que esta deixa transparecer.

O argumento foi uma surpresa, realmente BOTW não passa de um thriller suave, tem uma história simples mas inevitavelmente com um plot twist final. A história realmente é original, lembro-me de outros filmes em que já tenham feito mais ou menos a mesma storyline, mas o tema desta película é deveras interessante, embora infelizmente só conheçamos a big picture no final. Não desagrada, nem tão pouco aborrece e safa-se bem naquilo que pretende alcançar.

Vale o bilhete (provavelmente pelo final, é extremamente difícil adivinhar o que a storyline pretende alcançar, mas uma vez lá chegado a história da conta do resto)

18 de maio de 2009

Ip Man

l_1220719_6acb6ba8 Desenganem-se os que pensam que este é um filme de ficção cientifica ou de qualquer modo ligado as novas tecnologias e piratarias do ciberespaço. Ip Man acaba por ser uma biopic do homem que integrou o género de Kung Fu, Wing Chun na China (género reavivado por Bruce Lee com o seu Jet kun Do ). Os cenários e as lutas incasáveis tornam uma biopic num filme rápido, filosófico, e visualmente muito bonito.

Wilson Yip é o realizador, apostou numa realização dinâmica e em coreografias de encher os olhos. As filmagens atingem os cenários muitas vezes de cima, visto as ruas da cidade serem extremamente estreitas, os cenários são visualmente bem trabalhados, a direcção dos actores também, contudo não poucas cenas roçam o filme de acção banal, tão banal que parece que estamos a ver um filme do Van Damme, coisa que nos dias de hoje já não apetece.

O melhor desempenho do filme vai de facto para actor que interpreta a personagem principal, Donnie Yen, conceituado actor de artes marciais na china pelo qual é maioritariamente conhecido, aposta num filme com um background diferente embora que para alguns superficialmente igual.

O argumento de Edmond Wong baseado na vida e obra de Ip Man é uma história recheada de ideais e de conceitos filosóficos fáceis mas não banais, muitos eles advindos das práticas de artes marciais. Ip Man passa ao lado dos outros blockbusters de artes marciais por não ser tratado da mesma maneira que o “Crounching Tiger Hidden Dragon” ou “Hero”. Ip Man é bom, mas de facto podia ser bem melhor, certos clichés estão presentes mas são facilmente ultrapassados pela história embutida no filme da guerra entre a China e o Japão.

Vale meio bilhete(por aquilo que tenta alcançar), mas vale o bilhete pelo entretenimento

Push

push_ver2 Vi recentemente Push a mais recente obra do realizador Paul McGuigan. Um filme que supostamente era para me fazer desligar um pouco de obras mais profundas, acabou por ser uma agradável surpresa, não só pelo entretenimento que proporciona mas também pelos tons coloridos que a cidade de Hong Kong oferece.

Push é filme para massas, a história faz lembrar a série “Heroes” da Fox já bem conhecida entre os portugueses, pessoas supostamente normais com poderes sobrenaturais, umas com passados mais sombrios, outras que só agora descobrem os seus verdadeiros poderes e ainda outras que simplesmente fingem que não os têm.

A realização aproveita o que de melhor existe em Hong Kong, apresenta-se extremamente colorida, dinâmica, puxando essencialmente o filme para o género de entretenimento/aventura. A direcção dos actores foi bem conseguida, mas existem falhas pendentes. Destaque para as excelentes filmagens no uso dos poderes pelas personagens.

Os actores são bem conhecidos mas mais uma vez o talento mais jovem é o que mais sobressai, falo pois de Dakota Fanning, que continua desde tenra idade a dar provas que será uma das grandes estrelas do futuro. Djimon Hounsou que começou bem nos Estados Unidos com os seus primeiros filmes, começa a dar agora sinais de fraqueza, principalmente no que toca as escolhas das personagens

O argumento infelizmente continua a ser o elo mais fraco de Push, a história não é nova e os clichés abundam. O amor não correspondido, o plot twist final muito fraco e um ligeiro tédio a meio do filme provocam ao espectador que está a espera de mais um certo entorpecimento mental.

Vale meio-bilhete (porque tem a Dakota Fanning e mostra Hong Kong flamejante não só em cores mas também pela agitação que a cidade oferece)

Nick Gant: Did you lose a bet with your hairdresser?

Cassie Holmes: No! I just like color!

17 de maio de 2009

A Viagem de Chihiro

l_1785_0245429_2f696a83 Dos 3 títulos que decidi escrever, este é sem sombra de dúvida o meu favorito, a animação japonesa dotada novamente de uma originalidade imparável, oferece-nos um titulo fantástico, oscarizado pela academia na categoria de melhor filme de animação em 2003 e lembro-me que saltou logo para o meu Top 10, numa altura em

A realização mais uma vez a cargo de Miyazaki prima mais uma vezes pelos detalhados pormenores das imagens. desta vez assumindo uma fotografia mais limpa que Mononoke – Hime, embora aqui seja necessário porque não existe tanta obscuridade deixada pela fotografia da primeira película. O filme é realizado a um ritmo extremamente calmo, mas no universo que rodeia esta fantasia, o ritmo a que se desenrola a acção não nos enfadonha faz-nos porém apreciar ainda mais a requintada animação que acompanha a história.

Chihiro é uma personagem que nos faz sonhar, dotado de uma amabilidade muito própria e um espírito de bondade quase impossível a qualquer ser humano. Cresce à sua medida dentro do filme, bem como todos os outros personagens que se encontram na sauna. Os personagens secundários que integram o filme são também eles a par de Chihiro uma bestialidade em termos de originalidade.

O argumento é uma das genialidades deste filme passando-se essencialmente numa casa de saunas para deuses, exacto, leram bem, casa de saunas para deuses, não preciso de dizer mais nada para os espectadores que não tiveram a possibilidade de ver o filme entenderem que isto é ou deve ser considerada uma pérola de originalidade. Com poucos plot twists é um história directa, extremamente bem narrada, e abrilhantada das mais diversas e hilariantes situações

Vale o bilhete (ou, novamente vale muitos mais, a palavra chave do filme é originalidade)

16 de maio de 2009

El maquinista

Um filme de Brad Anderson (2004)

Este filme é um autêntico quebra-cabeças. Um operário de maquinaria industrial que não consegue dormir começa a ter sensações e comportamentos que misturam a realidade com um outro estado de ilusão. A personagem principal é interpretada por um Christian Bale completamente transfigurado para este papel – fisicamente raquítico e maltratado e com uma expressão facial e corporal fortíssimas, Bale nunca nos recorda as suas outras personagens onde é super-herói ou galã. Esta personagem foi, sem dúvida, uma grande prova de fogo que ele ultrapassou cheio de classe.

Toda a história é confusa, mas isso não perturba a atenção do público já que se mantém cativante em todo o tempo. No entanto, apenas nos 10 minutos finais se completa a “big picture”, encaixando todas as pistas que foram dadas ao longo do filme.

Aconselho a ver por ter uma interpretação soberba, por ser intrigante, por ficar no pensamento, por ser bom!

Trevor Reznik: Stevie, I haven't slept in a year. 
Stevie: Jesus Christ! 
Trevor Reznik: I tried him too.

Carla V.

Coisa Ruim

Um filme de Tiago Guedes e Frederico Serra (2006)
Argumento de Rodrigo Guedes de Carvalho

Neste filme português, o ecrã é ocupado por uma família lisboeta que vive momentos de constante sobressalto quando se decide mudar para uma casa no campo, o que acaba por terminar em terror…

A realização é bastante boa e é de louvar o demarcado cunho português. E isto não é só por ter um ritmo lento como é já costume dos nossos realizadores, mas por toda a história ser envolvida numa mística portuguesa muito própria: o ambiente rural com toda a aura de lendas e as suas tradições, mas também as pessoas chegadas da cidade são facilmente apreendidos pelo espectador como familiares. No entanto, e felizmente, parece-me um bom contributo para o cinema português que abdica de alguns dos seus vícios, nomeadamente o esgotamento da paciência do público que não pertença aos círculos da elite intelecto-artística.

E por tudo isto, aconselho a ver a quem se permita a apreciar um suspense português com uma tendência mais mainstream do que o habitual.



Carla V.

12 de maio de 2009

Punisher: War Zone [O Justiceiro 2: Zona de Guerra]


Ano: 2008
Realização: Lexi Alexander

O filme conta a história de The Punisher, um militar que depois de ver a sua família assassinada por criminosos, decide iniciar uma cruzada sangrenta contra o crime, sendo júri, juiz e carrasco.
Para quem procura um filme de acção, com balas, porrada, mais balas, mais porrada e explosões este é claramente o filme.

É um filme violento (mas soft, visto que é um blockbuster hollywoodesco) e pouco mais. Não traz nada de novo mas também não desilude quem souber aquilo que vai ver.


Enjoy (se tiveres prai virado)

David o golias

Curse of the Golden Flower [A Maldição da Flor Dourada]


Ano: 2006
Realização: Yimou Zhang
Prémios:
- Excellence in Production Design Award, Art Directors Guild (2007)
- Best Actress; Best Art Direction; Best Costume & Make Up, Hong Kong Film Awards (2007)

O filme conta a historia dos problemas vividos na casa real chinesa, entre o Imperador, a sua mulher e os seus filhos.


Um filme que a primeira vista parece vir na senda de outros filmes Chineses (tais como “Herói”, “Tigre e o Dragão” ou “O segredo dos Punhais Voadores”), mas que se mostra diferente. É, tal como os outros, um delírio visual (se bem que mais monocromático, sendo o dourado uma presença constante e bem notada em todos os segundos do filme), mas é apenas esta exuberância visual que o liga aos outros antes referidos. A Maldição da Flor Dourada não tem as belíssimas coreografias de luta, tem em vez disso, um argumento muito bem estruturado e cativante, que assume neste filme um papel de relevo. Alem do bom argumento, temos também mais uma coisa rara neste género de cinema: uma brilhante representação por parte de …., que tem na minha opinião, o melhor desempenho que vi nos últimos tempos no cinema oriental.


É assim um filme que pode não ser bem aquilo que se espera e que por isso pode surpreender quem procura apenas uma forte experiencia visual pois a historia em si, e principalmente as performances dos actores têm uma importante relevância. Pode representar talvez um amadurecimento do género, se bem que ainda pouco balanceado, pois podia ter tido os melhoramentos na história, mas também contar com as grandiosas (e esperadas) coreografias de batalha.



Enjoy (provavelmente, se gostastes dos outros de mesmo género… se bem que este vai-te saber de forma diferente)

David o golias

8 de maio de 2009

Terminator 3 – Rise Of The Machines

terminator_three_rise_of_the_machines_ver2 Aqui está a ultima retrospectiva da saga Terminator. Terminator 3 a cargo agora do realizador Jonathan Mostow continua a saga deixada para trás de John Connor e da maquina assassina que a protege. O filme trás de volta Arnold Schwarzenegger ao estrelato e uma continuação da história que leva os espectadores até ao dia do julgamento final.

James Cameron dá lugar agora ao realizador Jonathan Mostow, a acção continua a ser o ponto forte da saga, e a verdade é que o realizador cumpriu bem o seu papel nas cenas de acção principal. Os ângulos dinâmicos tornam a película extremamente rápida mas sem grandes originalidades de maior, Terminator agora também graças aos avanços da tecnologia apresenta uma fotografia mais luminosa, efeitos especiais mais requintados

Quanto aos actores, Arnold está o mesmo e não mudou a sua personagem, continua uma “máquina”, embora agora dotada de uma certa compreensão emocional da humanidade. Linda Hamilton no papel de Sarah Connor morreu de leucemia, morte estranha para o guião e que não foi bem explicada, foi uma pena mas teremos de nos contentar. Já a prestação de Nick Sthal no papel de John Connor, não foi, a meu ver, muito boa, é um jovem adolescente com todos os problemas que advêm dessa fase e ainda perturbado das vivencias da segunda película. Claire Daines salta para a ficção cientifica depois de uma pequena aparição em The Hours e outros filmes com pouco feedback, sem grande ajuda da sua personagem, deveras fraca e pouco evolutiva durante o filme. Kristanna Loken não posso acrescentar nada, contam-se pelos dedos de uma mão as falas que teve na película, mas temos contudo de lhe reconhecer os atributos físicos que deu ao filme.

O ponto mais fraco e que põe desta vez o filme num patamar muito abaixo dos outros dois é sem duvida alguma o argumento. É quase caso para dizer “mais do mesmo”, o que embora não prejudique tanto a história da saga dá-lhe um ritmo mais lento do habitual. Desta saga provavelmente seria o filme que poderia passar mais ao lado, contudo Hollywood é uma máquina de fazer dinheiro e tais títulos principalmente depois das ultimas películas atraem muitos espectadores ao cinema o que acaba depois por se tornar num blockbuster.

Vale meio bilhete (o argumento é fraco e pouco acrescenta à saga a não ser que o dia do julgamento final independentemente de tudo acabará por chegar)

Terminator : Katherine Brewster? Have you sustained injury? Katherine: Drop dead, you asshole!
Terminator: I am unable to comply.

Com a ultima retrospectiva feita não temos mais nada a não ser esperar pelas novidades de Terminator – Salvation que deve estar quase a estrear nas salas portuguesas até lá bons filmes.

1 de maio de 2009

Terminator 2 - Judgement Day


James Cameron volta à carga em 1991 com a segunda parte da maquina assassina mais famosa do cinema, Terminator. O Filme é mais brilhante e aparece agora com uma imagem mais cuidada não só em termos de fotografia como também em termos de efeitos especiais e realização. Cameron não teve com meias medidas e apontou que se realmente é para fazer uma segunda parte então definitivamente terá de ser melhor que a primeira. A aspiração do realizador teve frutos e o segundo filme acaba por ser bem mais apreciável que o primeiro em termos de acção, a história adensa-se e o julgamento final acabará por chegar.

James Cameron depois de uma pausa de 7 anos, voltou à carga com a sequela de Terminator. A realização primorosa de um dos melhores realizadores de acção está mais cuidada e oferece mais surpresas que o seu antecessor. Uma fotografia mais limpa e cenários onde quase tudo parece destrutível é onde a filmagem esteve melhor. Os efeitos especiais melhoraram e o filme goza de notoriedade numa época onde a nova geração de efeitos especiais computorizados começou a crescer.Hollywood soube aproveitar bem esse facto e o realizador também.

Para alem de Arnold Schwarzenegger, onde a sua interpretação foi sem dúvida melhor que o filme anterior (embora continue a ser uma máquina), destaco neste filme essencialmente Linda Hamilton, onde a sua personagem Sarah Connor parece ter sido feita novamente de raiz, um intelecto completamente diferente do primeiro filme, mais agressiva, mais deprimente e mais apta a lutar por aquilo que acredita, concluindo temos novamente uma boa prestação da actriz, Robert Patrick, no papel de nova máquina assassina e requintada pelos efeitos especiais que levou em cima esteve bem no seu papel por fim Edward Furlong que ao recordar Terminator 2 nunca pensei estar a ver o jovem que teve uma participação tão boa em “American X” ao lado de Edward Norton.

O argumento começa a adensa-se, as personagens começam a tornar-se mais sombrias e o desenlace começa a ser muito mais fluido que o primeiro filme.O argumento continua a lançar um humor muito próprio e mais uma vez nem todas as piadas são tão engraçadas como deveriam ser. Embora pareça ser mais do mesmo, só que desta vez o alvo é o próprio John Connor, existe uma boa discrepância temporal (passagem dos anos 80 para os 90) e isso nota-se mesmo nos modos de vestir, na maneira de falar. o script que tive a oportunidade de ler (a internet é uma maravilha) ,está muito bem escrito e também bem transposto para a tela.

Vale o bilhete (é um filme impar do género e acredito que se passasse novamente numa matiné de sábado estaríamos todos sentados no sofá para recorda-lo)

Retrospectiva - Mononoke - Hime

l_106289_0119698_60668fef Ok, a animação japonesa sempre foi conhecida pela sua originalidade não só pela Anime destinada aos adultos como também para os mais pequenos lançando um novo modo de contar histórias e fábulas desconhecidas ocidentalmente. Mononoke – Hime lança um género que viria a ser reconhecido internacionalmente não só devido à sua extrema originalidade como também à requintada animação que o acompanha.

A realização do filme a cargo de Hayao Miyazaki, é cuidada, extremamente minuciosa e espectacularmente organizada, dotada de pouquíssimos tempos mortos Mononoke – Hime, bem como os outros títulos que provêm do mesmo género e usufruindo da própria animação, os ângulos são extremamente bem escolhidos em quase todas as situações, algo que continua a ser extremamente difícil para os realizadores de filmes com pessoas de carne e osso caso não decidam optar pelos efeitos especiais. Tendo como principal cenário uma floresta extremamente detalhada e minuciosamente cuidada, são poucos os defeitos que escapam ao olho atento de Miyazaki. e só pela realização assume logo estatuto de must see.

As personagens crescem ao longo da película, tornam-se mais atentas aquilo que as rodeia, cada personagem tem a sua caracterização própria, a sua história, e a sua vida num cenário que absorve um pouco de cada uma delas, pormenores brilhantes, quase impossível em outros géneros.

Dotado de uma filosofia misticista, sempre quase agarrada ao estilo de vida japonês, Mononoke – Hime não lança tanta cultura japonesa como quer, ou pretende, prefere concentrar-se numa história plausível, um tanto engraçada e aventureira. O argumento releva uma storyline simples ,com poucos ou nenhuns plot twists e diálogos que revelam um filosofia simples para crianças e adaptada a adultos mais distraídos.

Vale o bilhete (ou até vale mais, uma história que não se dispersa facilmente das mentes dos espectadores)

30 de abril de 2009

3 Extremes

l_54179_0420251_18f84545 Depois da desilusão criada por Khon len khong, 3 curtas metragens orientais fazem-me respirar de alivio em termos do género “terror”. 3 extremes é simplesmente uma delicia do terror asiático para os olhos dos espectadores. Hollywood que se ponha fina. O terror vai assumir novos rumos e de certeza que só passará pelo continente americano se assumir formas medíocres de remakes ou sequelas desinteressantes. Quanto a 3 extremes temos uma combinação de 3 curtas metragens feitas por diferentes realizadores coreanos, cada um com o seu método de realização e cada um com a sua história para contar. o terror é o denominador comum e são quase 90 minutos de de pura delicia para os fãs do género

“Dumplings” – The Hong Kong Extreme - Fruit Chan

Dumplings, foi uma das curtas que mereceu uma longa metragem. apostando num tipo de terror muito próprio, o objectivo é não injectar o espectador com sustos fáceis mas sim com um terror visual do género, “não acredito no que esta gente está a fazer”, não é a masterpiece das curtas presente nesta trilogia, mas o terror inerente à película é sensualmente exposto por Bai Ling, é das personagens que mais me intriga do cinema, a história é escassa mas concentra-se em momentos importantes, embora ainda não tenha visto a longa metragem desta curta entendo que teremos mais história nela que permitirá limar as arestas soltas deixadas por esta.

“Cut” – The Japanese Extreme – Park Chanwok

Esta película do mesmo realizador de “Oldboy” foi a minha favorita das 3, pintada também ela com um terror muito próprio é apimentado também por umas poucas situações humorísticas que nem por isso deixam de retirar o elemento pesado da historia. a fotografia destaca-se e a filmagem na sala do piano também, cada cenário respira elementos muito próprios o que provoca no espectador ou uma sensação de terror ou pelo contrário uma sensação de conforto. A história, embora assuma que já a tenha visto em algum sitio é pontuada por pequenas preciosidades de originalidade. Uma curta Must See.

“Box” – The Corean Extreme – Takashi Miike

Provavelmente é a história mais fraca das 3 curtas mas o recurso as cenas visualmente chocantes é onde reside a mais parte da essência do filme. Box contêm para mim uma das melhores cenas de terror que alguma vez vi no cinema não quero estragar com spoilers por isso espero que a identifiquem quando a verem. um destaque essencial para Kyoko Hasegawa extremamente profunda na sua interpretação, quanto a história chega a ser enfastidiosa, não entretêm, mas mantém-nos atentos até ao desfecho final, um terror mais lento e pouco habitual tal como nas outras curtas está presente.