27 de fevereiro de 2009

Grave of the Fireflies - O Túmulo dos Pirilampos

Ano: 1988

Realização: Isao Takahata

Argumento: Isao Takahata


A culpa foi do filme “A Valsa com Bashir”.

Depois de ver o filme-documentário de animação da autoria de Ari Folman e de, em seguida, ter ouvido afirmar que era um dos melhor filmes sobre as consequências da guerra (apesar de ser animação), lembrei-me deste clássico filme anime (leia-se: animação japonesa) e decidi revê-lo, de modo a avivar a minha memória e comparar melhor os dois filmes.

Tinha-me esquecido quão pesado era este filme… Apesar do mencionado “Valsa com Bashir” ser um filme muito bom (a minha intenção original era de falar deste filme...), falta-lhe um carácter humano que há em grande abundância em “O Túmulo dos Pirilampos”, que o torna um filme muito melhor.

Produzido pelos Estúdios Ghibli (mais conhecidos por fazerem filmes de fantasia), o filme segue a história de duas crianças japonesas que, na fase final da Segunda Guerra Mundial, depois de terem perdido a mãe num bombardeamento, fazem os possíveis para sobreviver num mundo devastado pela guerra. Na altura em que saiu, o filme destacou-se pela imagem crua e real do Japão em 1945 e pelo ambiente emocionalmente devastador que domina o filme, apesar de ser de animação (ou seja, direccionado para crianças).

Realmente, de entre o género anime, “O Túmulo dos Pirilampos” destaca-se pelo teor emocional que transmite. Apesar de serem desenhos animados, é impossível ficar indiferente ao retrato do horror da guerra e das suas consequências (não apenas sobre a sociedade, mas sobre indivíduos comuns) que vemos no filme. Há momentos de esperança ténue, coragem determinante e de tragédia inquietante, retratados de maneira sublime pelos traços animados de Isao Takahata (que, embora tenha prosseguido com uma carreira de sucesso nos Estúdios Ghibli, a verdade é que nunca mais repetiu a proeza de fazer um filme tão magnífico como este).

Apesar de não recorrer a qualquer tipo de efeitos fantásticos, o filme tem imagens belíssimas (destaque para a cena dos pirilampos na gruta), assim como chocantes (para o final há um momento que deixa qualquer pessoa sem palavras), reforçadas com uma banda-sonora de nível épico. O argumento vale muito pela proeza de construir duas personagens principais marcantes, despertando subtilmente uma empatia com o espectador (perde, porém, na elaboração fraca das personagens secundárias, que acabam por ser mais figurantes que personagens em si).

Um filme essencial que todos devem ver, sendo dos raros casos em que a animação consegue mostrar mais humanidade do que muitos filmes com pessoas de carne e osso.

0 comentários:

Enviar um comentário