11 de março de 2009

The Tracey Fragments - Os Fragmentos de Tracey


Ano: 2007


Realização: Bruce McDonald


Argumento: Maureen Medved


Já há algum tempo que tinha curiosidade em ver este filme. Primeiro, por contar com a participação de Ellen Page, actriz que, apesar de ainda ser bastante jovem, tornou-se uma das minha preferidas, graças ao seu desempenho em filmes como “Hard Candy” ou “Juno”. E também por o filme contar com uma banda-sonora da autoria da banda Broken Social Scene.


Ironicamente, nenhum destes dois elementos me surpreendeu muito (nem pela positiva nem pela negativa) e o que acabou por sobressair mais no filme foi a realização.

Devo começar por explicar a sinopse, que é bastante invulgar (e sou generoso ao usar esta palavra): o filme segue a história de Tracey uma adolescente de quinze que vagueia pela cidade na esperança de encontrar o seu irmão mais novo Sonny, que pensa que era um cão e encontra-se perdido. Nisto, testemunhamos a história passada e presente de Tracey, assim como os seus desejos e ilusões que ela vai confundindo com a realidade dolorosa que atravessa.

O argumento, a cargo de Maureen Madved (escritora do livro em que o filme se baseia), é essencialmente uma “pastiche” de vários momentos ou ideias, sem ordem lógica, que se seguem sucessivamente, na esperança de que, no final, quem vê o filme seja recompensado (ainda não li o livro, mas suspeito que siga uma linha narrativa semelhante na sua irregularidade). O realizador decide pegar neste retalho de momentos e filma-o…bem, como um retalho de imagens.

O mais surpreendente deste filme foi o passo arriscado que o realizador tomou ao deitar todas as regras convencionais pela janela fora. Apesar disso, Bruce McDonald consegue dar uma certa (mas não muita) solidez ao argumento, obrigando o espectador a prestar constante atenção ao mosaico de imagens (passadas e presentes, reais ou imaginárias) que constantemente se vai renovando com o avançar da história. Isto leva a visual único, que provavelmente não apelará a muitos (ou mesmo a todos), mas não deixa de ser um excelente (por vezes, brilhante) exercício de experimentalismo cinematográfico.

Quanto a Page, ela já conseguiu fazer melhor, mas há pequenos momentos que demonstram o seu talento como actriz. O mesmo se pode dizer da banda sonora, infelizmente muito minimalista, que raramente cativa ou envolve o espectador (destaque-se, porém, que o filme também conta com canções de artistas como Peaches, Foals e TheFemBots, entre outros).

Corre agora muito a ideia do cinema independente e a questão de como se classifica um filme independente... Este é, na minha opinião, o filme mais independente que já vi. De facto, tem todos os elementos para tal: um director estreante que toma riscos que o alienem do público, um elenco composto maioritariamente por desconhecidos (excluindo Page obviamente), música indie em demasia e um argumento carregado de características extrovertidas e inconsistentes.

“The Tracey Fragments” está longe de ser um grande filme (alguns poderão mesmo achá-lo péssimo), mas ganha pontos por ser único e visualmente marcante.

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