18 de fevereiro de 2009

They Shoot Horses, Don't They? – Os cavalos também se abatem


Ano: 1969

Realização: Sydney Pollack

Argumento: Robert E. Thompson, James Poe


Tive há pouco tempo a oportunidade de rever este filme maravilhoso que, durante a minha adolescência, despertou-me um novo interesse pelo cinema que dura até hoje. De facto, este é um filme que, apesar da sua idade, ainda não perdeu (e duvido que tão cedo perderá) nenhuma da sua força original, continuando a ser uma obra de cinema relevante para os dias de hoje.

Baseado no romance homónimo de Horace McCoy, o filme segue a mesma premissa: durante a era da Grande Depressão, organizam-se maratonas de dança, onde quem conseguir dançar por mais tempo receberá uma boa quantia de dinheiro como prémio. Acompanha-se então o esforço de um grupo de várias pessoas que, cobiçando tal prémio monetário, inscrevem-se numa maratona do género e acabam por chegar aos limites da resistência humana para continuar a dançar, apesar de se passarem dias, semanas e mesmo meses.

O filme é brutal, em todos os sentidos possíveis da palavra. Na verdade, os elementos que mais se prezam neste drama são igualmente os mais assustadores, na medida em que quem o vê chega várias vezes a sentir na pele o desconforto, o sofrimento e o desespero que os protagonistas sentem no seu decorrer.

Falando-se do elenco, encontra-se aqui muito bem conseguido (dando-se destaque a Jane Fonda e Gig Young), na medida em que cada qual dos actores consegue edificar uma personagem real e cativante, com que os espectadores possam identificar-se, evitando-se assim que o filme se transforme num mero espectáculo de tortura inumana.

O filme também se preza pela narrativa, sobretudo pelo uso de prolepses subtis que indicam pistas do final climático do filme (embora tal figura estilística seja comum em muitos livros e filmes de hoje, este filme foi dos primeiros e melhores exemplos da sua utilização no cinema) e que também servem como pausas ao sentido frenético que o filme muitas vezes toma.

“Até onde iria para ultrapassar os seus limites?”. Tal questão, hoje em dia explorada até à exaustão por slogans genéricos, nunca foi tão bem examinada como nesta visão distópica de Pollack, uma poderosa crítica à banalização do sacrifício humano em prol do espectáculo.

1 comentários:

Miss V. disse...

Puseste-me com vontade de ver o filme!
Benvindo ao blog :)

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