22 de maio de 2009

X-Men Origens: Wolverine


Ano: 2009


Realização: Gavin Hood


Argumento: David Benioff, Skip Woods

Associando-se à moda presente de prequelas e origens, a Marvel decide levar ao grande ecrã as crónicas do passado de alguns dos personagens mais marcantes da série “X-Men”. Óbvio que a primeiro filme centra-se em Wolverine, sem dúvida o personagem mais popular da série. Hugh Jackman regressa ao papel do mutante Logan num filme que revela os mistérios do seu passado: a sua família, o seu esqueleto indestrutível e, por fim, a sua perda de memória que tanto o tormenta nos filmes da trilogia original. O actor revela-se em grande forma, sentindo-se confortável na pele do personagem. Não há surpresa aí, visto que Jackman sempre admitiu grande afecto pela personagem de Wolverine, que lançou a sua carreira

Como de costume, a história do filme não segue fielmente a BD (contam-se pelos dedos de uma mão os casos em que tal acontece), embora pegue em diversos elementos de várias histórias diferentes que se centravam no passado de Wolverine, das quais se destacam “Origem” e “Arma X”. Mas apesar de Wolverine ser o personagem central do filme, não é o único mutante oriundo da BD presente no filme. De facto, os argumentistas (claramente fãs da BD) decidiram aproveitar este novo filme para apresentar ou desenvolver personagens que não tiveram tempo ou oportunidade de brilhar nos filmes anteriores.

O caso mais flagrante é Gambit, personagem que muitos fãs pediram que aparecesse nos filmes anteriores e que tem agora a oportunidade de aparecer no grande ecrã, interpretado por Taylor Kitsch (actor conhecido por entrar na série “Sextas sob Pressão”), que, com uma interpretação subtil mas correcta, faz um trabalho decente que não desilude os fãs da personagem. Pena é realmente não aparecer muito (é o que dá ser relegado para o plano secundário), mas o filme também não se centra nele e sim em Wolverine e no seu arqui-inimigo.

E eis então que falo talvez da maior surpresa do filme: Sabretooth (personagem muito mal aproveitado no primeiro filme de “X-Men”, onde foi interpretado pelo wrestler Tyler Mane). Liev Schreiber interpreta na perfeição um dos maiores vilões da Marvel com uma naturalidade que impressiona e revela-se como um perfeito antagonista para Jackman. Espero que, se a Marvel decidir continuar a fazer prequelas dos X-Men, faça uma do Sabretooth, com Schreiber no papel principal.

Além destes, bastantes mais personagem do universo dos X-Men estreiam-se no grande ecrã (Blob e Deadpool, sendo este último talvez uma das grandes desilusões para mim) enquanto outros regressam (William Stryker, o vilão de X2, Scott “Ciclope” Summers e outros que não quero referir para também não estragar o filme a ninguém) e há mesmo personagens propositadamente criados para o filme (mas que não roubam muito tempo do filme).


"X-Men Origens Wolverine" gerou grande controvérsia por ter aparecido na internet, um mês antes de estrear nas salas de cinema, uma cópia do filme com efeitos especiais inacabados. Depois de ver o filme no cinema, tenho apenas a dizer que estou surpreendido, pois se bem que há cenas em que os efeitos CGI estão bem feitos, há outras absolutamente horríveis, em que os efeitos estão claramente inacabados (mais parecem tiradas de um jogo de Sega Saturn). Realmente não sei o que falhou, pois nos filmes anteriores, os efeitos especiais sempre foram de grande qualidade.

Infelizmente, é igualmente notório o desconforto que o realizador Gavin Hood (que ganhou fama por a sua primeira longa-metragem, "Tsotsi", ter ganho o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2005) tem ao realizar cenas de acção. Há cenas que dolorosamente se nota que o realizador precisa de mais experiência nesse campo e não foi a melhor escolha para realizar o filme.

Por último, talvez o ponto mais crucial: o argumento. Apesar de ser fã das BDs, não acho justo estar a lamentar alterações que por vezes os escritores (ou o realizador) achem necessárias para a versão cinemática. Aceito as diferenças e por vezes até concordo. Exemplo claro disto foi mesmo o primeiro X-Men, que quando saiu, apesar de diferir bastante da BD (tendo um tom mais de ficção científica do que super-heróis), era um bom filme.

Porém neste filme, os argumentistas arriscam muito, na medida em que colocam personagens num tempo diferente ou mesmo as alteram significativamente. Também há algumas falhas no argumento, um pouco por culpa do final aberto do filme. Mas há uma falha indesculpável, nomeadamente no que toca à explicação da razão porque Logan perde a memória. É triste e claramente descabida (ou melhor, “enfiada à última da hora”) a solução que dão a esse mistério, que sem dúvida deixará todos, conheçam a história original da BD ou não, a afirmá-la como “ridícula”.

Valerá a pena ver? Se são fãs dos filmes anteriores ou do papel de Jackman neles, sim, sem dúvida. Não é o melhor filme da saga X-Men (tal lugar pertence ao "X-Men 2") mas também não é o pior. Peca um pouco pelas pequenas falhas (tanto no argumento como nos efeitos especiais), mas já vi a Marvel ligar-se a filmes bastante piores.

2 comentários:

Miss V. disse...

Confesso que nao sou leitora das grandes BD's, mas vou acompanhando os filmes. Provavelmente é uma vantagem para mim, pois não estou presa à história original e nunca chego a ter grandes desilusões.
Quanto ao Wolverine, é uma personagem por quem eu ganhei uma especial simpatia e gostei bastante do filme. Pareceu-me muito mais solido no argumento do que o Watchmen (apesar de o Watchmen ter uma visualidade muito especial certos elementos de realização e uma banda sonora fabulosos).
Enquanto puro filme o Watchmen é superior, mas no conjunto e tendo em vista o entretenimento, escolho o Wolverine.

JB disse...

Não querendo discordar da carla, mas já o fazendo, julgo que comparar o Wolverine com o Watchmen é comparar vinho tinto com branco.. São ambos vinho, mas...
Confesso que nenhum dos filmes me convenceu, sendo que no caso deste em particular surge como uma resposta aos milhares de fãs que a personagem wolverine alimenta no mundo inteiro...

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